segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

EGO PSHYCOLOGY



Apresentaremos as principais ideias e contribuições da Psicologia do Ego à Psicanálise segundo Heinz Hartmann. Teoricamente, ele buscou transformar a Psicanálise em uma Psicologia Geral. Na prática, procurou criar uma linguagem possível para que a Psicanálise fosse reconhecida além da clínica.
Sendo assim, a valorização do estudo das funções mentais do Ego, como os afetos, o pensamento, a conduta, a percepção, a inteligência, a ação motora – estão entre esses fundamentais aportes. Com isso, foi possível uma aproximação da Psicanálise com outras disciplinas, como a medicina, a biologia, a educação, a antropologia, a pesquisa, bem como a Psicologia Geral.
A Psicologia do Ego, deu uma ênfase nos processos defensivos do ego, em particular daqueles que se referem a neutralização das energias pulsionais, sexuais e agressivas, valorizando assim o enfoque dinâmico da psicanálise.
Até Hartmann, as noções de Ego e Self estavam muito confusas entre si: devemos a esse autor uma mais clara diferença conceitual entre Ego como instância psíquica encarregado de funções, e Self como um conjunto de representações que determinam o sentimento de si mesmo.
A principal tarefa do ego é a de uma adequada adaptação, promovendo soluções adaptativas entre as demandas pulsionais e as demandas da realidade, muito particular com uma boa utilização da capacidade de síntese e de integração por parte do ego.
Outras grandes contribuições são os conceitos de autonomia primária e secundária do ego, as quais aludem a uma área livre de conflitos e a uma utilização das energias que estão a disposição do ego para fazer frente as exigências do id e do superego.
Assim, o ego é concebido como uma estrutura que por sua vez contem um certo número de subestruturas, sendo que nem toda energia do ego provém do id (como afirmava Freud), mas sim, que parte dela é a primeira autonomia independente das pulsões.
O conceito de regressão a serviço do ego possibilita o entendimento da criatividade artística, e também dos estados mentais do analisado no curso do processo analítico. Essa regressão envolve a passagem.

1.   Na intenção de transformar a Psicanálise numa Psicologia Geral, a Psicologia do Ego ocupou-se de estudos sobre o pensamento, os afetos e a conduta. Apresente estas ideias.
Segundo Heinz Hartmann, o PENSAMENTO se origina das funções autônomas do ego, como a percepção e a memória, que permitem enfrentar melhor a ausência do objeto em que deveria se descarregar a pulsão, uma vez que a pessoa tem a capacidade de se voltar ao seu próprio mundo interno e recordar o objeto ausente, assim sendo, o indivíduo diminui a sua dependência quanto ao mundo externo. “A possibilidade de pensar permite retardar a descarga motora, à espera de melhores condições externas para que se torne prazerosa”. (p. 54). Os pensamentos se se inter-relacionam e vinculam, conforme suas diferentes pautas. Como exemplo, o autor cita (1) a associação temporal, (2) associação espacial, (3) relação causal. Esses processos participam do nascimento da inteligência, cuja finalidade mor é a adaptação.
 David Rapaport, em 1950, explicou que a evolução que dá origem ao pensamento consciente é “os diversos passos seguidos para substituir o processo primário pelo secundário”. (p. 54). A origem do pensamento está na alucinação com o qual o bebê substitui o objeto da pulsão, quando este está ausente.
                                    Se uma energia pulsional aumenta e encontra o objeto que satisfaz a necessidade, logo se descarrega. Se, pelo contrário, o objeto que satisfaz estiver ausente, o sujeito alucina sua presença. Esta alucinação constitui o precursor do pensamento, sendo chamado por Freud de ideação. (...) A imagem alucinada está, portanto, carregada de energia pulsional. (p. 54).
No entanto, a realidade assume fundamental papel, quando o sujeito se dá conta que alucinar o objeto não é o suficiente para dar conta da satisfação de suas pulsões. Organizar as recordações em associações temporais ou espaciais constitui o começo do processo secundário e o vínculo do pensamento com a realidade.
Sob a luz da Psicologia do Ego, podemos pensar o AFETO como uma teoria analítica. Para apresentar esta ideia, nos embasaremos na exposição de David Rapaport feita no início da segunda metade do século passado. Ele nos leva a pensar se (A) os afetos são descargas pulsionais ou (B) um aumento de tensão. Freud ampara as duas possibilidades. Caso os afetos sejam descargas de tensão pulsional, podem se constituir em válvulas de segurança, pois “ao permitir certa descarga, protegem o aparelho de incrementos tensionais que lhe poderiam ser intoleráveis”. (p. 55). Todavia se os afetos são aumentos de tensão (por inibição da descarga de pulsões), quais seriam os fatores que dificultariam tal descarga? Consistir-se-iam em: (1) Limiares inatos; (2) Realidade; (3) Desenvolvimento da estrutura psíquica tripartite. No entanto, ainda existe um quarto posicionamento, embasado em Freud que diz que “os afetos poderiam surgir dos sentimentos de desamparo que acompanham as experiências primitivas”. (p. 56).  
Entretanto, alguns analistas da Psicologia do Ego não concordam com as duas posturas supracitadas (A e B). Edith Jacobson pensa “que os afetos são suscitados como resultado de um fenômeno de oscilação entre o incremento de tensão e sua descarga”. (p. 55). O orgasmo seria um bom exemplo, pois é um processo no qual coexistem os dois fenômenos.
Para harmonizar os distintos pensamentos, Rapaport explica como os afetos inatos são domados durante o desenvolvimento.
                                    Os afetos teriam constituintes inatos, consistindo em canais e limiares de descarga, que existem previamente à diferenciação do Ego e do Id. Nesse momento, estão a serviço do Princípio do Prazer, seja mediante a descarga ou pela constituição de uma válvula de segurança que evite a descarga, em ausência do objeto de satisfação da pulsão. A realidade impõem demoras à evacuação das pulsões. Durante o desenvolvimento, esta demora necessária se internaliza, obtendo-se uma capacidade para demorar. (p. 56).
Rapaport nomeia a capacidade para demorar de domesticação das pulsões. Ele a descreve que “o aparecimento dos contra-investimentos vai neutralizando progressivamente os intensos afetos iniciais, até que o sujeito possa ter, à sua disposição, tanto afetos intensos como outros, moderada ou totalmente neutralizados”. (p. 56). Além de tensões com a realidade, são tensões entre subestruturas. A função dos afetos domesticados é referente à adaptação.
Abordaremos agora a CONDUTA sob o ponto de vista da Psicologia do Ego. Heinz Hartmann, no final da primeira metade do século XX, explica a partir de uma ótica psicanalítica, que os atos são executados pelo ego, que tem fundamental papel na motricidade. No entanto, para que uma ação seja bem feita, o emprego de várias funções egóicas se fazem necessárias, a saber: capacidade de antecipação, conhecimento da realidade, entre outros.
Mas afinal de contas, o que leva o sujeito a realizar determinadas ações? O que motiva a pessoa a ir em direção a A e não a B? O ego desempenha um papel importante. Quanto a motivação inspiradora, as coisas são mais complexas.
                                    De fato poderíamos distinguir ações motivadas essencialmente pelo id, outras impelidas pelo superego (o sentimento de culpa é um exemplo) ou mesmo pelo ego. Hartmann adverte sobre a dificuldade que este assunto encerra, pois as motivações das ações, amiúde, entrelaçam-se intimamente. Nem sempre é fácil deslindar as ações racionais (...) das irracionais, nas quais os fenômenos inconscientes desempenham um papel de protagonistas. (p. 57).
Outra polêmica se refere a relação entre as condutas racionais e a adaptação, uma vez que nem sempre o que é racional é adaptado.
Rapaport difere dois modelos de conduta: um primeiro presente desde o nascimento, e um segundo, que é adquirido ao se constituir o aparelho psíquico que controla a tensão e a descarga. O caminho que uma moção pulsional seguirá depende, em parte, de sua intensidade, mas fundamentalmente das condições de realidade.


2.   Em relação à técnica de intervenção analítica, o que propõem a Psicologia do Ego?
Em relação a técnica e a prática da psicanálise: a ideia de uma dissociação do ego como um processo terapêutico; o interesse pelas defesas; a observação direta de bebês e de crianças pelos estudos de Renée Spitz e Margareth Malher; as postulações acerca dos critérios de analisabilidade e principalmente do estabelecimento de uma aliança terapêutica e de uma aliança de trabalho.


Texto e organização de Luciara Mosselin Rochak- estudante de psicologia

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