domingo, 27 de janeiro de 2013

FILME DO PIOR TERROR..




Integrando e fazendo coro na dor imensa que todos estamos sentindo com a TRAGÉDIA ocorrida na BOATE KISS em Santa Maria, menifesto-me em profunda melancolia.
Acordei as 5 h da madrugada com uma agonia que nunca havia sentido antes. Pensei em tomar umas gotas de algum ansiolítico ou sonífero que me fizesse recobrar o sono perdido.
Fiquei reflexivo por mais ou menos 40 minutos. Depois, consegui dormir um pouco.
Pouco mesmo, pois as 7:30 h já estava preparando as malas e penduricalhos para ir a Porto Alegre, cidade onde terei ( ou teria, pois estamos todos enlutados) um compromisso profissional no Tribunal de Justiça.
Costumeiramente alheio a tudo, segui o meu rumo: sem ligar rádios, ler jornais ou me preocupar com qualquer informação que não fosse aquela que motivou a minha viagem.
Perto da cidade de Espumoso, recebi uma ligação  onde minha amada Mãe relatava-me a tragédia ocorrida.
Tudo impossível de acreditar. Surreal. Além do que se poderia definir como triste. Filme de terror! Do pior terror!
Relembrei da agonia da madrugada.
Fiquei em silêncio tão profundo como se tivesse ocorrido um colapso existencial do qual não tinha a capacidade de entender.
Alguma premonição do mundo espiritual??
Chegando na capital corri para o computador para acessar o Ijui.com e ler maiores detalhes dessa tragédia que havia EMUDECIDO o Rio Grande do Sul e o Brasil inteiro.
A Presidenta Dilma em Santa Maria?? O Governador? Os indícios eram todos aterradores e revelavam algo muito mais grave do que a minha genitora tentou explicar.
De fato era. Mais de duzentos jovens mortos em decorrência de uma mistura de negligência ( falta de Alvará), ignorância ( inúmeras pessoas amontoadas no propósito de aumentar os lucros dos proprietários) e vários outros motivos que toda a MÍDIA trazia ao vivo e em cores: em diversos e dramáticos depoimentos dos sobreviventes.
Mudando de canal em canal as redes de diversas televisões avolumavam minha já sombria tristeza.
Tornou-se algo dilacerante... terrível !
Pobres pais, familiares, amigos e parentes!!!
Dentre os inúmeros mortos, li o nome da jovem ALANA WILLERS e chorei junto com a minha companheira.
Aquela linda e inteligente escritora? Aquela que certamente tinha um futuro mais que promissor pois já portadora de um talento indiscutível e reconhecido para comunicar-se??
Eu gostava muito do estilo determinado dela dizer aquilo que sentia e sempre com rara autenticidade.
Além dela, outros ijuienses e amigos morreram e citar mais nomes é algo que no momento em que escrevo tais palavras se tornou impossível diante da tristreza que me deixa prostrado.
Ajoelhei-me com minha prenda e pedi em oração a Deus pelos espíritos que desencarnaram e que enfrentam agora outro estágio da existência.
Mais que a piedade deles.
Pedi a Deus que tenha piedade de nós que cometemos tantos erros e tantas injustiças.

Dia extremamente triste de janeiro de 2013..

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

PROPAGANDA EQUIVOCADA...

Não tenho absolutamente nada contra o PCdoB e suas ideologias. Reconheço que lutaram ao lado do PDT, PT e demais partidos pela famigerada REDEMOCRATIZAÇÃO.
Todavia, assisti a uma propaganda completamente equivocada.
A propaganda passava, nitidamente, a ideia de que a sigla  PCdoB era um "partido SOCIALISTA".
É também, mas não é isso!
Minha própria companheira fez tal confusão.
Explico melhor!
PCdoB quer dizer PARTIDO COMUNISTA.
Tem origens e influências daquele COMUNISMO Russo e da China que todos conhecemos.
E isso é assim faz 90 anos. É Partido COMUNISTA e certamente foi um equívoco da supracitada propaganda.
Não creio que estejam negando tal fato: o fato de na denominação da sigla estar a palavra: COMUNISTA.
É partido COMUNISTA do Brasil.
Aliás, em nenhum momento da PROPAGANDA, fazem uma menção expressa de que se trata de um partido COMUNISTA.
Falam apenas em PCdo B, esquecendo de explicar o que significa o "C" da sigla.
É bom deixar isso bem claro, pois tenho um amigo que jura que o PCdoB  significa  SOCIALISTA.
O " C" da sigla é " COMUNISTA" e é bom que fique bem claro.
 Se fosse " SOCIALISTA" seria um " S".
Basta uma pesquisada no tal  GOOGLE para verificar que tenho razão.
 A propaganda que assisti cometia esse tremendo equívoco.
Tenho ela gravada. Se estiver enganado naquilo que assisti, peço aos amigos que me mandem opiniões contrárias.
E segue o barco da vida no vasto rio da existência..


A TOMADA DE PODER PELOS ESTAGINÁRIOS...


 Respeito muito os estagiários. Esta coluna é uma homenagem a eles e, especialmente, àqueles que trabalha(ra)m em meu gabinete nestes anos todos. Valorosa classe. Inicio com uma citação:
“Embora a qualidade média das decisões judiciais possa não ter diminuído em conseqüência da atribuição de redigi-las a estagiários, a variação de qualidade diminuiu. Os estagiários de direito – que em sua maioria, são indivíduos recém-formados em direito, com referências acadêmicas extraordinárias, mas sem experiência em direito ou em qualquer outra profissão – são mais homogêneos que os juízes. A tendência à uniformidade da produção, também característica das petições redigidas pelos grandes escritórios de advocacia, encontra equivalência na evolução em direção à fabricação em massa de produtos...”.
Não se empolguem aqueles críticos que sempre acham que no Brasil tudo é pior... A citação anterior é uma preocupação externada por um dos corifeus da análise econômica do direito (AED), Richard Posner – portanto, distante das minhas predileções teóricas - em relação à “estagiarização” que está ocorrendo nos Estados Unidos.
1. Todo o poder aos estagiários.
Os estagiários ainda não assumiram o poder – falo agora de terrae brasilis - porque não estão (ainda) bem organizados. Deveriam aderir à CUT. Em alguns anos, chegariam lá. Dia desses veremos os muros pichados com a frase “TODO O PODER AOS ESTAGIÁRIOS”. Afinal, eles dão sentenças, fazem acórdãos, pareceres, elaboram contratos de licitação, revisam processos... Vão ao banco. Sacam dinheiro. Possuem as senhas. Eles assinam eletronicamente documentos públicos. Eles decidem. Têm poder. Eu os amo e os temo.
Sim, eu respeito profundamente os estagiários. Eles estão difusos na República. Por vezes, invisíveis. Jamais saberemos quantos são. E onde estão. Algum deles pode estar com você no elevador neste momento. Ou em uma audiência (é bem provável até). Ou no Palácio do(s) Governo(s). Federal, estadual e municipal. Sei de vários que lá estão. E participam de reunião de gabinetes de Ministérios. Que bom. Com isso vão aprendendo. Afinal, é para isso que servem os estagiários.
Eles fazem de tudo. Neste momento, um estagiário, ou vários deles, podem estar controlando o seu voo. A Infraero tem muitos estagiários. Torço para que eles sejam tão bons quanto os que estagiam no meu gabinete. Estagiários de todo mundo: uni-vos. Nada tendes a perder senão vossos manuais recheados de enunciados prêt à porter, prêt à parler, prêt à penser que os professores vos mandam comprar. Estagiários de toda a nação: indignai-vos face à exploração a que estão submetidos.
1. A tomada do poder.
Parênteses: como seria uma revolta dos estagiários? Imaginemos uma aliança tipo “operário-camponesa”, quer dizer, uma aliança entre estagiários e os bacharéis que não passaram no Exame de Ordem. Cercariam os Fóruns e Tribunais. Juízes, Promotores, advogados e serventuários da justiça (sim, estes, dos quais muitos maltratam os pobres estagiários nos balcões de todo o Brasil) ficariam sitiados durante semanas. O armamento das forças aliadas (estagiários e bacharéis sem carteira) seria simples, mas letal: enormes catapultas, com as quais atirariam enormes manuais (aqueles que querem simplificar o direito e que, por sua causa e baixa densidade científica, os bacharéis não conseguiram passar no exame de ordem e nem nos concursos)... Conheço alguns desses compêndios que provocariam enormes estragos nos tetos dos Tribunais. Penso que nem o teto do STJ resistiria. Que, assim como os demais fóruns, repartições e tribunais, teriam um problema a mais: não somente o ataque vindo de fora, das catapultas das forças aliadas, como também de dentro. Explico: provavelmente o ataque seria lançado durante o expediente. Alguns representantes do MUNESBASC (Movimento Unido dos Estagiários e Bacharéis sem Carteira) estão fazendo alianças com os bacharéis – mesmo os com carteira - que não conseguem decifrar as questões armadilhescas dos concursos públicos (a sigla do movimento, pelo seu tamanho, é impossível de publicar). Já se fala abertamente em um putsch.
Eles formam verdadeiramente o Terceiro Estado. Lembrem-se: antes de 1789, já se ouviam rumores... Diziam coisas, mas ninguém acreditava: lá vinham eles em direção à Paris...! Hoje, os estagiários são aquele conjunto de pessoas que formavam o terceiro Estado (camponeses, comerciantes, advogados, enfim, todos os que não eram nobres ou clérigos...). E as fileiras vão engrossando.
Portanto, meu pedido inicial: estagiários de todo os fóruns, repartições, palácios e tribunais em geral: quando chegardes ao poder, poupai-me! Sou da “base aliada dos estagiários”. A diferença é que não fico exigindo, como fazem os deputados da base aliada do governo, a liberação de emendas parlamentares. Eu apoio a futura estagiariocracia sem chantagear! Outro detalhe que me favorece: eu não peço para a “base aliada” colocar minha mãe no TCU (lembram-se de um certo governador fazendo campanha para levar mamãe ao Tribunal de Contas da União? Ele conseguiu!). Quem me contou isso foi um estagiário que viu tudo...
Eles sabem de tudo. Outra vantagem minha: como sou da base aliada dos estagiários, não mando a conta da arrumação dos meus dentes para o Senado (portanto, é a patuléia quem paga), como fez, no ano passado, o agora presidente da comissão de ética, senador Valadares. E nem uso o que resta das minhas cotas de passagens aéreas para levar familiares (ou namoradas) para a Disney ou para Paris. Nem quero o Ministério da Pesca. Eu também não sei pescar, assim como o ministro Crivella. Só sei escrever. Um pouco.
2. Depois da revolução. Como seria o nouveau régime? O adeus ao ancièn régime.
Eu apoio a futura estagiariocracia sem exigir cargos ou favores. Já ofereço, desde já, a minha biblioteca para o nouveau régime. Ela pode ser expropriada. Vamos melhorar o ensino jurídico brasileiro. Tenho uma lista enorme de livros a indicar. Bons autores. Nenhum deles trará as lições de autores como Dworkin, Habermas, Gadamer, Rui Barbosa, Pontes de Miranda, Heleno Fragoso, Alexy, Kelsen, etc, de “orelha” (aqui, cada leitor pode fazer a sua lista – não quero polemizar nessas simples referências). Nada de pequenos resumos. Fora com as vulgatas. Vamos estudar de verdade. No novo regime, o direito será encarado como um fenômeno complexo. Portanto, não haverá mais espaço para “literatura piriguete” (quer algo mais fácil que “piriguete”?) Também na pós-graduação (mestrados e doutorados) não mais serão feitas dissertações ou teses sobre temas monográficos como “agravo de instrumento”, “o papel do oficial de justiça”, “reflexões sobre os embargos infringentes”; “(re)pensando o artigo 25 do Código do Consumidor – uma visão critica”; “um olhar sistêmico sobre a progressão de regime” ou “execução de pré-executividade: reflexões à margem”... (permitam-se as licenças poéticas).
Sim, tudo mudará. Os estudantes não mais serão enganados pelo professor que só sabe dar aula usando Power Point e fica lendo o que está nesse “pauerpoint” (observação: se o professor insistir, passará a remeter o material via email para os alunos, que poderão ficar em casa lendo aquilo que, até então, ele lia para eles no pauerpoint...). PS: antes que alguém se atravesse (ou se irrite), registro: sim, eu valorizo bastante as novas tecnologias... Só acho que não podem ser um fim em si mesmo. O instrumento não substitui o saber.
No nouveau régime, será proibido ao professor ficar lendo o artigo do código para os alunos e, em seguida, “explicar” – fazendo caras e bocas - o que “dizem as palavras da lei...”. Será proibido invocar coisas metafísicas como “a vontade da norma” (como sabemos, “norma” só tem vontade se for uma senhora que convidamos para jantar). Sugeri isso para a pauta da Estagiariocracia porque essa discussão me é muito cara. De há muito.
Também não haverá mais a invocação do “espírito do legislador” e não haverá mais perguntas “inteligentes” como “o que o legislador quis dizer aqui”? (neste caso, sempre haverá um aluno – espião do regime – que entregará um celular pré-pago ao professor sugerindo-lhe que ele mesmo, o mestre, ligue para “o legislador” e pergunte...).
Com o tempo, os alunos, a partir desse novo programa pedagógico, já poderão entender as anedotas e os sarcasmos que eu conto em minhas palestras... Até as finas ironias (não só as minhas, é claro) serão compreendidas. Já não agüento mais contar a estória dos rabinos que estudavam o Talmude, o Livro Sagrado... Mas, é claro, não contarei aqui. Não mais precisarei explicar que interpretar não depende de placar ou de maioria... E que quando o Rabino Eliezer disse... Bem, deixemos assim. Na próxima conferência, que será em Natal (Congresso em Homenagem ao Min. Gilmar Mendes), prometo que contarei (de novo). Ainda: quando falo do sujeito solipsista, não será mais preciso estroinar no final, desfazendo o silêncio com brincadeiras do tipo “o Selbstsüchtiger (sim, é esse o nome do sujeito egoísta da modernidade, esse do esquema sujeito-objeto) não é o volante do Bayern de Munique... O novo regime será muito bom. Já estou antevendo isso. Alvíssaras.
Mas, tem mais: no nouveau régime — pelo menos até que ocorra a restauração (sempre ocorre, pois não) do ancièn régime e nossas cabeças sejam cortadas — mudaremos os atuais currículos dos cursos jurídicos. E os concursos públicos não mais perguntarão sobre a vida e obra de gêmeos xifópagos e nem sobre a transformação de homens em lagartos (nunca vou esquecer isso). As questões não mais versarão sobre enfiteuse e nem serão armadilhas (pegadinhas malandras que só divertem o nécio que a elaborou). Não mais será necessário decorar a Constituição e os Códigos para fazer concurso; as perguntas, no novo regime, buscarão detectar efetivamente o que os candidatos sabem; também o Exame de Ordem não trará mais perguntas que somente o argüidor saiba ou baseadas no único livro que o argüidor leu ou conhece.
Nessa nova era, as provas de concursos não serão mais feitas para divertir os arguidores. Não. Nunca mais. E haverá fortes punições. Por exemplo, quem fizer perguntas do estilo “pegadinhas” ou sobre coisas ridículas (p.e.x., Caio e Tício que embarcam em uma tábua e depois se matam...), terá que resolver as questões do mesmo concurso feitas pelos seus colegas de banca. E essa prova será oral... na presença de todos os concurseiros (como na arena romana). E cabeças rolarão!
No nouveau régime, extinguiremos (me coloco no meio porque me considero, como já disse, da “base aliada dos estagiários”) os embargos declaratórios e os juízes não mais farão sentenças obscuras, contraditórias ou omissas. No novo regime, o art. 93, IX será cumprido na íntegra. E não será mais necessário fazer agravo do agravo; e nem embargos do agravo e embargos do agravo do agravo. Na nova ordem que será instaurada, o Supremo Tribunal Federal declarará a inconstitucionalidade dos embargos declaratórios (ou os declarará não recepcionados, antes que alguém me corrija e diga que, em sendo o art. 535 do CPC anterior a Constituição, não cabe ADI – embora caiba ADPF, pois não?).
No novo regime, não mais se decidirá conforme o que cada-um-pensa-sobre-o- mundo-e-o-direito, mas, sim, a partir do que diz a doutrina e a jurisprudência, com coerência e integridade. O direito terá um DNA. As denuncias do Ministério Público somente serão deduzidas quando efetivamente existirem indícios. Não bastará juntar reportagens de revistas, por exemplo. E serão recebidas de forma amplamente fundamentadas.
Nesse novo tempo, não será mais permitido construir princípios estapafúrdios. Até que saibamos, de fato, o que é um Princípio, sua “fabricação” estará suspensa. Proibida! Vamos separar o joio do trigo. Como Medida Provisória n. 1, já de pronto ficam revogados “princípios” como “da ausência ocasional do plenário”, “da rotatividade”, “do fato consumado”, “da confiança no juiz da causa”, “da delação impositiva”, “alteralidade”, da “benignidade”, “do deduzido e do dedutível”, “da afetividade” e “da felicidade” (embora todos queiramos ser felizes!).... Estão fora ab ovo. Ficará também vedado o uso da ponderação de valores, a não ser que haja a comprovação de que o utente tenha construído a regra adstrita... Portanto, nada de pegar um princípio em cada mão e recitar o mantra da “ponderação”.
No nouveau régime que se instalará, o sistema acusatório prevalecerá no processo penal. Inclusive o art. 212 do CPP será cumprido. O STJ e o STF anularão todos os processos em que não for obedecido o novo modo de inquirição das testemunhas. O descumprimento do art. 212 não será mais “nulidade relativa”; será, sim, nulidade absoluta. Finalmente, a nova lei será cumprida e os advogados e promotores deverão eles mesmos produzir as provas. O juiz inquisidor terá seus dias contados.
Já no processo civil, não mais se falará em “escopos processuais”. Finalmente, o instrumentalismo será sepultado. As cinzas de Oskar von Büllow serão jogadas na costa brasileira e sua alma, juntamente com as de Liebmann (e outros...), descansarão em paz. Tudo graças ao nouveau regime.
Também o direito administrativo será levado a sério. Será vedada a sua “descomplicação” (é um sarcasmo!). Você não será mais multado por qualquer guarda de trânsito sem a possibilidade de defesa. Não mais bastará a palavra dele. Ele não terá mais “fé pública”. A Constituição triunfará. Todos dirão: viva, o direito administrativo não é mais só para fazer grandes congressos... Ou para fazer dissertações de mestrado. Agora vai valer mesmo. Inclusive os recursos que o advogado interpuser contra as multas serão lidos na íntegra pelas juntas. As juntas, quando negarem os recursos, fundamentarão as decisões. E já não se falará de outra coisa...
No direito penal, os tipos penais de perigo abstrato sofrerão uma forte censura (filtragem) hermenêutico-constitucional. Cada caso concreto será examinado à luz da presunção da inocência e, se necessário, será aplicada a técnica da Teilnichtigerklärung ohne Normtextreduzierung. É verdade. Finalmente, implementaremos o controle difuso para valer e este não mais servirá apenas para ornamentar dissertações e teses.
Nos crimes de furto, o sistema fará uma escolha: ou aplicará o critério da insignificância dos crimes de descaminho também para o furto ou os crimes de contrabando ou descaminho também serão avaliados de acordo com as balizadoras do furto. A isonomia será para valer. Inclusive na comparação entre a devolução do valor furtado com o pagamento dos tributos nos casos de sonegação. Fairness (equaninimidade), essa será a palavra mais usada. Isonomia. Igualdade. Estes serão os critérios norteadores dos tribunais.
Também o art. 557 do CPC será usado com mais parcimônia pelos tribunais. O nouveau régime dará cursos para evitar tantas decisões monocráticas... O CNJ baixará recomendação para que sejam revitalizados os juízos colegiados. Também os advogados, ao fazerem sustentações orais, serão ouvidos. Ninguém ficará mexendo nos computadores enquanto o causídico se esfalfela na Tribuna. Todos prestarão atenção.
No nouveau régime, uma portaria não valerá mais do que a Constituição. Nunca mais. O Ministro da Fazenda não legislará mais por resoluções. Nwem o da Previdência. A Comissão de Constituição e Justiça do Congresso examinará os projetos previamente. As ONG’s serão fiscalizadas. Muitos dos atuais dirigentes terão que trabalhar de verdade. Os atores da Globo não mais usarão os benefícios da Lei Rouanet. Oas Estádios da Copa não serão superfaturados. A fiscalização será implacável. E o crime de Fraude à Licitação não será mais punido com “cesta básica”.
No nouveau régime os advogados não mais serão maltratados e/ou humilhados. Eles não precisão mais implorar para serem recebidos pelos juízes. E receberão cafezinho na antessala do magistrado. Aliás, isso estará no novo Estatuto que o nouveau régime implantará. E, o que é melhor, o Estatuto dos Advogados será cumprido. Ah, no novo regime...!
Pronto. Eis as bases do putsch. Mas não quero ser o Robespierre desse regime. Pela simples razão de que este perdeu a cabeça. Falando mais sério ainda: um pouco de utopia vai bem. Nestes tempos de atopia e acronia, mirar um lugar inalcançável pode fazer bem ao nosso espírito. Um pouco de desconstrução do sistema pode levar a boas reconstruções. Como diz meu poeta favorito, Manoel de Barros, sempre compreendo o que faço depois que já fiz! Só esta frase já daria para fazer uma tese. Pura fenomenologia. Mas, o que quer dizer isto? No nouveau régime saberemos. Aliás, no novo regime os estudantes lerão Manoel de Barros. E tantos outros bons livros. E o Google não mais mentirá, porque será alimentado por jovens que refletem e não por aqueles que apenas se informam!
Numa palavra final. Estamos no mundo pela metáfora. E estamos nele porque simbolizamos. O texto acima também se pretende “metáfora”. Mas não pode ser somente uma metáfora. Como disse Wittgenstein — e cito-o, de cabeça, pela boca de Ruben Alves —, andaimes cercam a casa, mas não são a própria casa; uma vez construída a casa, desmontam-se os andaimes. Pois é. As metáforas talvez sejam isso. Nietschze talvez me ajude: tudo aquilo para que temos palavras é porque já fomos além. E, assim, fica mais fácil entender a frase acima de Manoel de Barros... Sim, sempre compreendo o que faço depois que já fiz!

Autor:Lenio Luiz Streck: procurador de Justiça no Rio Grande do Sul, doutor e pós-Doutor em Direito

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

SÍNDROME DA FALTA DE SOLIDARIEDADE..

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Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer.
Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele. A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro.
A questão do título é respondida amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.
O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar.
Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.
“O psicoterapeuta Douglas LaBier, de Washington, tem um nome para esse tipo de comportamento, que ele afirma ser comuníssimo nos Estados Unidos: síndrome da falta de solidariedade”, diz Berman. “Basicamente, é um termo elegante para designar quem não dá a mínima para ninguém senão para si próprio. LaBier sustenta que solidariedade é uma emoção natural, mas logo cedo perdida pelos americanos porque nossa sociedade dá foco nas coisas materiais e evita reflexão interior.”
Berman afirma que você sente no ar um “autismo hostil” nas relações entre as pessoas nos Estados Unidos. “Isso se manifesta numa espécie de ausência de alma, algo de que a capital Washington é um exemplo perfeito. Se você quer ter um amigo na cidade, como Harry Truman disse, então compre um cachorro.”
O americano médio, diz ele, acredita no “mito” da mobilidade social. Berman nota que as estatísticas mostram que a imensa maioria das pessoas nos Estados Unidos morrem na classe em que nasceram. Ainda assim, elas acham que um dia vão ser Bill Gates. Aqui no Brasil seria ser um Eike Batista. Têm essa “alucinação”, em vez de achar um absurdo que alguém possa ter mais de 60 bilhões de dólares, como Bill Gates.
“Estamos assistindo ao suicídio de uma nação”, diz Berman. “Um país cujo propósito é encorajar seus cidadãos a acumular mercadorias no maior volume possível, ou exportar ‘democracia’ à base de bombas, é um navio prestes a afundar. Nossa política externa gerou o 11 de Setembro, obra de pessoas que detestavam o que os Estados Unidos estavam fazendo com os países delas. A nossa política (econômica) interna criou a crise mundial de 2008.”
A soberba americana é sublinhada por Berman  em várias situações. Ele cita, por exemplo, uma declaração de George W Bush de 1988: “Nunca peço desculpas por algo que os Estados Unidos tenham feito. Não me importam os fatos.” Essa fala foi feita pouco depois que um navio de guerra americano derrubou por alegado engano um avião iraniano com 290 pessoas a bordo, 66 delas crianças. Não houve sobreviventes.
Berman evoca também a Guerra do Vietnã. “Como entender que, depois de termos matado 3 milhões de camponeses vietnamitas e torturado dezenas de milhares, o povo americano ficasse mais incomodado com os protestos antiguerra do que com aquilo que nosso exército estava fazendo? É uma ironia que, depois de tudo, os reais selvagens sejamos – nós.”
Você pode perguntar: como alguém que tem uma visão tão crítica – e tão justificada – de seu país pode viver nele?
A resposta é que Berman desistiu dos Estados Unidos. Ele vive hoje no México, que segundo ele é visceralmente diferente do paraíso do narcotráfico pintado pela mídia americana — pela qual ele não tem a menor admiração. “Mudei para o México porque acreditava que ainda encontraria lá elementos de uma cultura tradicional, e acertei”, diz ele. “Só lamento não ter feito isso há vinte anos. Há uma decência humana no México que não existe nos Estados Unidos.”
Clap, clap, clap.

Escrito por: Paulo Nogueira é jornalista. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

FEITA A JUSTIÇA....

 


O prefeito Fioravante Ballin e o vice-prefeito Ubirajara Teixeira foram absolvidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do RS da acusação de que teriam realizados gastos com publicidade institucional maiores que a média dos últimos três anos.
Os desembargadores do TRE-RS absolveram Ballin e Bira por unanimidade de votos na sessão realizada nesta terça-feira, 22, em Porto Alegre.
Com a absolvição, Ballin e Bira não terão seus diplomas e registros cassados. Os desembargadores também votaram contra a multa de R$ 35 mil, pedido pelo juiz Nasser.
A representação foi realizada pela Coligação União por Ijuí, através do Ministério Público. A decisão do TRE-RS cabe recurso.

Evidente que houve uma ação com carga excessiva de invenção e artificialismos. Fizeram uma ação forjada, sem mostrar na integralidade os verdadeiros dados e gastos com a dita propaganda, algo que tem muito de deslealdade judicial.
Houve um grave equívoco de interpretação da parte dos proponentes (oposição) que não souberam fazer a melhor leitura da legislação e da aplicação ao caso que pretendiam aplicar.
O pedido de cassação não passou de mais uma tentativa de ganhar no denominado TAPETÃO, ou seja: ignorando a DEMOCRACIA e a decisão dada pela maioria do povo.
Prova disso é que NÃO HOUVE um voto sequer pela condenação. A OPOSIÇÃO argumentou algo que não tinha qualquer correspondência na realidade dos fatos. 
A interpretação da oposição na referida ação: com pedido de CASSAÇÃO foi extremamente DÉBIL e INSUSTENTÁVEL.
Os EMINENTES DESEMBARGADORES do TRE, com a envergadura da experiência e de posse de uma interpretação mais larga e detida (minuciosa) dos fatos, absolveram por UNANIMIDADE e ainda retiraram a MULTA aplicada em primeiro grau, algo que também consideraram INJUSTA.
Episódio semelhante ocorreu no pleito anterior, onde fizeram uma medonha tragédia e ESCÂNDALO sobre um fato que restou de forma UNÂNIME julgado improcedente, com a absolvição dos mesmos candidatos.
 Os que fizeram uma verdadeira procissão pedindo a CONDENAÇÃO de BALLIN E BIRA tiveram que AMARGAR uma dupla derrota: no plano político ( democratico) e no plano jurídico ( Tribunal).
No meu entender, devem "ENSACAR A VIOLA" e desistir do recurso ao TSE.
Não tem cabimento um RECURSO onde TODOS votaram pela ABSOLVIÇÃO, sendo que não foram capazes de conseguir sequer um voto pela condenação.
Ao menos será um ato de nobreza.
 
      

DIREITO DE NÃO SABER..



Dentre a gama de direitos do ser humano, certamente está inserido o direito de " não saber". E da " ignorância" não deveria resultar qualquer forma de discriminação.
Perguntaram certa feita em " que mundo eu vivia" por simplesmente desconhecer da existência de  uns tais Racionais Mc e Planet Hemp ( Hampe.. algo assim).
Minha sobrinha me chamou de Eremita por não ter assistido um "famoso vídeo" de um Sul Coreano que fala "opa ga mais tá" e que ele ganhou milhões com isso.
Eu ficava pensando tal como fazia o Chaves ( daquele famoso programa).. mas? Que culpa tenho eu???
Passei a ser olhado com certa desconfiança. Velho demais para o mundo jovem em que vivemos.
Outra amiga ( agora talvez em outra classificação) chamou-me literalmente de "pouco culto" por não ter argumentos para conversar, em uma roda de amigos, sobre um livro que se não me falha a memória era "50 tons não sei de qual cor". Que era o debate " grandioso" do momento.
O mais vergonhoso é que passei a vida inteira sem ter lido uma única crônica do David Coimbra. Por ter alguma "neurose bloqueadora" achava que o dito ( pelas ilustrações que usava) iria fazer alguma gabolice banal das suas conquistas amorosas. Acabava sempre virando a página sem sequer começar a ler.
O fato é que o "mundo contemporâneo" é múltiplo em conhecimentos, ideias, teorias, teses e outras salamandras do gênero.
O homem tem o direito de não saber.  E mais: o direito de continuar não sabendo sem ser discriminado por isso.
Como dizia o grande Baltazar Gracián: ocupar-se com o descabido ( isso na subjetividade de cada um) é pior que não fazer nada. 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

LIBERDADE, MAL-ESTAR ..



Acerca da liberdade originária, Eric Fromm faz menção ao MITO DA HISTÓRIA HUMANA, na qual o homem e a mulher viviam no paraíso, em harmonia perfeita entre eles e com a natureza.
Não havia escolhas a serem feitas.
Por esse motivo, não havia necessidade de cogitar-se da liberdade.
O homem, ao violar a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, rompe com o estado harmônico com a natureza.
Embora do ponto de vista religioso essa conduta seja considerada pecado, do ponto de vista humano , marca o início da liberdade e o nascimento da razão.
Ao romper com a natureza, o homem vê-se nu e sente vergonha. Está só , livre, porém temeroso e impotente.
Embora livre do " doce cativeiro do paraíso", não é livre para governar-se, para realizar sua individualidade.
Expulso do paraíso o homem torna-se mortal e adquire consciência reflexiva e de sua finitude.
A desobediência à interdição ao fruto proibido simboliza o processo de individualização.
Consciente de sua finitude , o homem tem sua existência dotada de insegurança constante e sensação de desamparo ante ao destino, demonstrando a instabilidade constante na existência humana, como conclui Gilberto Safra , para quem o próprio caminhar " é o desequilibrar-se continuamente".
O ser humano é afetado em cada passo de sua existência.( Marion Minerbo e Oswaldo H. Marques).
Nesse compasso, inserindo-se ai algo bem mais complexo ( logicamente) entra o magnífico texto de Freud  no sentido de apontar a CIVILIZAÇÃO apenas aquilo que diferencia o homem da vida animal.
Na dita "civilização" existe uma OPRESSÃO individual a favor de uma suposta UNIDADE COMUNAL.
A cultura ao não agregar valores individuais se torna supérflua e superficial , pois a invés de manter os homens em cooperatividade harmoniosa , força laços que levam ao mal-estar do indivíduo.
 Vinícios de Azevedo Silva questiona: " se a FELICIDADE é o que todos procuram, por que é tão difícil para o homem ser realmente feliz??
Por que apesar de todo o desenvolvimento tecnológico , há tanto sofrimento e mal-estar na sociedade?
Será que um certo grau de sofrimento e violência é inerente ( natural e incurável) no ser humano??
Vale a pena ler o texto do grande mestre!!!!

PEDRO LORPA É MESMO GENIAL...



O Pedro é mesmo “bagual de Bueno”. Ele quer “mudar o mundo” e ninguém o dissuade desse objetivo. E ele não quer saber de onde virá o dinheiro. O fato é que é possível mudar o mundo sim.
No SETOR DE SEGURANÇA: ele fez até um projeto com cálculos, desenhos e estratégias mirabolantes para transformar a vida dos cidadãos em uma “paz absoluta”.
O segredo, segundo ele é colocar um representante da Brigada Militar em cada esquina. Isso será um fator que certamente intimidará os meliantes ou delinqüentes. E mais: só para a área de Ijui teríamos que ter três ( 3) helicópteros sobrevoando a cidade e cuidando cada atitude suspeita.
Câmeras de vídeo espalhadas em mais de 2 mil pontos estratégicos. Fazer da cidade uma espécie de BIG BROTHER onde tudo estará sendo monitorado e acompanhado pelas forças policiais.
No SETOR DA SAÚDE: agendamentos via internet 5G ( algo ultra rápido) com a designação de uma equipe urgente para atender os casos mais graves e a compra imediata de 15 unidades iguais ao SAMU.
E pasmem: atendimento pelo Médico também pela internet (on line). Os pacientes acessariam um site da Secretaria de Saúde e ao vivo pela Web o médico daria os aconselhamentos, prescrições e indicações de remédios.
Nas ESTRADAS DO INTERIOR a solução seria asfaltá-las integralmente. Nada de barro, nada de pó ou qualquer dificuldade para o agricultor escoar a sua safra ou produção.
No setor CULTURAL: ele quer tornar Ijui uma cidade COSMOPOLITA com renome internacional, sendo que quer reunir todas as culturas do mundo e todas as manifestações artísticas aqui na cidade. Tem até intenção de pedir autorização ao MUSEU DO LOUVRE para emprestar a famosa obra de Leonardo da Vinci, a tal MONA LISA .
Para o PEDRO LORPA tudo é questão de "VONTADE POLÍTICA"
Se um dia ele chegar ao PODER, transformará Ijui no Paraíso citado na Bíblia..
Virei partidário do Pedro Lorpa e passei a defender sua causa..
Para terminar uma observação: CASSANDRA toma sim chimarrão e é uma  BAITA MENTIROSA em negar isso.
Netuno é testemunha!!!





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

UM MATE COM CASSANDRA..

 Andei tomando um chimarrão com a tal Cassandra. Se ela negar isso é uma graúda mentirosa. O grande NETUNO é testemunha.
Ela até que é gente boa, apenas está defendendo os seus interesses em prol de um “ mundo melhor”. Compartilhamos das mesmas intenções.
A cassandra tem doutorado em sarcasmo e quer fazer esse tipo de crônica, sendo que até confessou que gostava muito de alguns artigos meus. Fiquei honrado!
A ideia de "duelo" era justamente para atrair e permitir essa aproximação com Cassandra.  Afinal de contas, ela vivia em uma toca e dá um pouco de raiva de quem se esconde ou usa de artifícios para dizer algo sem mostrar a cara.
Agora que sei quem é Cassandra e a sua nobre profissão. Nos tornamos amigos (embora continuemos protocolarmente em trincheiras opostas) não há razão para não deixar fluir aquilo que de mais verdadeiro existe na Democracia: a liberdade de opinião e manifestação do pensamento.
Entendi as razões de a Cassandra continuar com o PSEUDÔNIMO e não assumir sua identidade. Isso é lá um problema dela !!
Ela tem o partido dela e por ter perdido ficou sem o cargo que desejava. Algo natural na política: uns perdem e outros ganham.
Só ela não me convenceu que está criticando e querendo um mundo melhor só por questões de solidariedade e espírito altruísta e nada mais. Não acreditei nisso!
Da minha parte, estou disposto a conviver harmonicamente com Cassandra e a “ ameaça de duelo” ao menos permitiu a nossa aproximação e um diálogo amistoso e legal.
O resto é figuração e troca de figurinhas banais.
Uns continuam dizendo que eu criei a Cassandra para dominar o número de acessos dos Blogs de Ijui e que tive a ajuda do amigo e professor José Fiorin.
A idéia seria criar supostamente dois lados opostos para atrair pessoas e seguidores de todos os lados, pois toda unanimidade, como dizia Nelson Rodrigues: É BURRA.
Não é verdade !! E por tal motivo queria que Cassandra revelasse a identidade para poder provar isso de uma vez por todas... 
A Cassandra é outra pessoa de fino trato e tem ideologias e pensamentos que diferem dos meus em muitos posicionamentos e situações de interpretação dos fatos sociais, humanos e políticos.
Um grande abraço para a Cassandra..

GRANDE DIVALDO...



Reconhecido como um dos mais conceituados médiuns e oradores espíritas da atualidade, Divaldo é também o maior divulgador da Doutrina Espírita em todo o mundo.

Divaldo Pereira Franco, natural de Feira de Santana, BA, 81 anos de idade, dos quais mais de 60 dedicados à causa espírita e às crianças carentes da periferia de Salvador. Aos 20 anos de idade fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção e mais tarde, em 1952, fundou, juntamente com Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho que atende cerca de 3 mil crianças, adolescentes e jovens de famílias carentes, por dia, em regime de semi-internato e externato. Educador que é, adotou mais de 600 crianças e hoje tem mais de 200 netos. Realizou mais de 11 mil conferências em mais de 2 mil cidades brasileiras e em 62 países; concedeu mais de 1.100 entrevistas de rádio e televisão, em mais de 450 emissoras; recebeu mais de 700 homenagens, de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais; publicou mais de 200 livros, com todos os direitos autorais doados às instituições espíritas que dirige, com a publicação de 8 milhões de exemplares, com 92 versões para 16 idiomas.

RIE – Com as dificuldades que vivemos no mundo atual, com drogas, prostituição e violência de toda sorte o senhor acredita que o mundo está progredindo?
Divaldo Pereira Franco – Vivemos um momento histórico dos mais expressivos da humanidade. A ciência e a tecnologia alçaram o ser humano às culminâncias do progresso material, nada obstante, a evolução moral não obedeceu ao mesmo parâmetro. Permanecem as injustiças sociais, os separativismos, a miséria de todo porte, as lutas bélicas, a agressividade, demonstrando que a evolução foi horizontal, no sentido do intelecto, sem a correspondente vertical para o amor, para a imortalidade e para Deus. Nada obstante, o mundo vem progredindo porque, por outro lado, nunca houve como hoje tanto devotamento nas criaturas em favor do seu próximo, da Natureza, do cumprimento dos deveres, da solidariedade… Há mais amor entre os seres humanos do que se pode perceber ou imaginar. Multiplicam-se as organizações de serviços sociais, de iluminação de consciências, enquanto, por outro lado, cientistas e tecnólogos afadigam-se no trabalho em favor da saúde, do bem-estar, da erradicação de terríveis males que sempre afligiram a sociedade, como a fome, os vícios e a promiscuidade.

RIE – O que é essa fase de grande transição, segundo o Espírito Joanna de Ângelis?
Divaldo – Segundo a benfeitora espiritual estamos vivendo o período em que o nosso planeta se transfere de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração, conforme nos ensina o Espiritismo. Neste período estão reencarnando Espíritos que se encontram retidos em regiões de muito sofrimento, a fim de terem a oportunidade de escolher continuar no comportamento que os assinala ou avançar no rumo da plenitude. Na primeira hipótese, os perversos e inimigos da sociedade, após a desencarnação, já não volverão à Terra, indo transitoriamente a mundos inferiores, onde resgatariam os males praticados e se renovariam pela ação do bem. Ao mesmo tempo, uma geração nova (A Gênese, capítulo XVIII, Itens 27 a 38 – 36ª Edição da FEB.) surgirá na Terra, provinda de outra dimensão, a fim de contribuir pelo progresso da humanidade, assim apressando o momento da grande transição.

RIE – Que regras podemos adotar para colaborar na melhoria do mundo que vivemos?
Divaldo – Nunca houve tanta necessidade de amor, de fraternidade, de compreensão, de bondade e compaixão como nestes dias. A dor campeia em toda parte, e ninguém existe que se encontre sem o desafio da transformação moral para melhor, talvez sob o estigma de muitas aflições. Construir o bem em toda parte, cooperando em favor da harmonia geral, evitando as dissensões e as lutas infelizes, ajudando em silêncio e divulgando os postulados do Espiritismo pelo exemplo e por todos os meios lícitos e nobres possíveis, constituem valiosos meios de contribuir em favor do mundo melhor de amanhã.

RIE – Como cultivar a paz interior num mundo tão conturbado?
Divaldo – A paz interior, aquela que vem de Jesus e que resulta dos pensamentos edificantes, das palavras iluminativas e das ações dignas, resiste a todas as agressões de fora, porque harmoniza o ser e o faz compreender as dificuldades. No silêncio da oração, na reflexão em torno dos deveres e na ação contínua da solidariedade fraternal, distende-se a paz como um perfume ou uma claridade que se irradia de um foco, eliminando as conturbações, qual um algodão que amortece uma pedrada…

RIE - Estamos vivendo a hora do testemunho coletivo e individual?
Divaldo – Realmente, estes dias são caracterizados pelos testemunhos individuais e coletivos. Enquanto o planeta estertora, adaptando as camadas tectônicas e produzindo tsunâmis, terremotos, erupções vulcânicas, secas e enchentes, tempestades devastadoras, conforme sempre houve no passado, alterando a própria estrutura, a sociedade como um todo padece injunções muito graves, como dantes nunca houve, embora as terríveis fases vividas anteriormente…Essas calamidades coletivas, às quais associamos os incêndios, os desmoronamentos, o terrorismo, as guerras, as epidemias, as revoluções e outros fenômenos destrutivos, que comovem a sociedade, têm por objetivo despertar também as consciências para a reflexão em torno da transitoriedade da vida física, do esforço que se deve empreender em favor da paz interior e da harmonia geral, constituindo motivos de provas e de expiações para os indivíduos que optam pelas ilusões e anestesia da consciência. Também alcançam as mulheres e os homens de bem, portadores de fé, de conduta irreprochável, porque a dor não apenas é instrumento de purificação, fomentadora do progresso moral, como também fenômeno natural de desgaste a que está submetida a organização física, aprimorando a moral e a espiritual do ser.

RIE – O Movimento “Você e a Paz” criado pelo senhor está na sua 10ª edição realizada em dezembro de 2007: quais as propostas desse movimento?
Divaldo – Depois de haver visitado algumas dezenas de presídios e penitenciárias, casas de detenção, falsamente denominados como reeducandários sociais, e vivido por quase cinqüenta anos em um bairro muito violento, em que 80% dos seus habitantes vivem na linha abaixo da miséria econômica e educado quase 25.000 crianças e jovens que passaram pelas nossas Escolas, senti a necessidade de fazer algo mais. Amparado pelo pensamento espírita e tomado de compaixão pelos violentos, resolvi enfrentar alguns desafios propondo o Movimento Você e a paz, na praça pública. Levamos o projeto à Egrégia Câmara de Vereadores e nobre Edil apresentou-o aos seus pares, que votaram por unanimidade para que o dia 19 de dezembro ficasse denominado como o Dia da Paz na cidade do Salvador. Conseguimos o apoio da mídia e realizamos a primeira edição. Notei, porém, que era necessário ir mais profundo no trabalho. Com amigos devotados, passamos a proferir palestras em escolas de diversos bairros, atraindo pessoas violentas, abordando o tema da paz e convidando-as para que no dia 19 de dezembro fossem à praça, a fim de participar de ação mais ampla. Logo após encorajamo-nos a visitar as praças públicas desses bairros, denominados perigosos, e fomos recebidos com carinho por grande parte da população que se dizia feliz por ouvir algo dessa natureza, comprometendo-se a participar conosco do Evento maior.

RIE – É aberto às outras denominações religiosas?
Divaldo - Em nosso projeto não condicionamos o trabalho a nenhuma doutrina religiosa, embora, no momento em que me apresento para a palestra, explique ser espírita militante, mas que o Movimento é neutro, sem nenhuma conotação política, religiosa ou de qualquer outra natureza que o desvie da sua finalidade. Nunca tivemos o menor embaraço, antes, pelo contrário, diversos traficantes de drogas abandonaram o crime, outros violentos modificaram o seu conceito sobre a existência, conforme depoimentos pessoais que nos têm feito espontaneamente. O objetivo nosso, portanto, foi sair da intenção para a ação, deixar de falar sobe a violência que estarrece, fazendo algo pela não violência que proporciona a paz, conforme somente Jesus a pode dar.

RIE – Como as pessoas podem engajar-se nessa proposta? Tem previsão da próxima edição e onde será?
Divaldo – Felizmente o Movimento Você e a paz tem sido realizado no Rio de Janeiro, tanto na capital como em cidades do interior – neste ano será na cidade de Nova Friburgo no mês de agosto –, em Santa Catarina e no interior do Estado da Bahia. Foi também lançado em Paris no ano de 2007, em Portugal (Coimbra duas vezes, Lagos) em 2005, pela primeira vez…No próximo dezembro teremos a 11ª edição na cidade do Salvador, na praça Dois de Julho, conforme vimos fazendo nos anos anteriores. Quem deseje engajar-se nessa proposta, poderá entrar em contato conosco ou com Luiz Pimenta e teremos todo o prazer de apresentar os planos e diretrizes do Movimento, a fim de que se expanda ao máximo. Nos últimos cinco anos tem cooperado conosco um dos maiores oradores sacros da Igreja Católica na Bahia, o monsenhor Gaspar Sadoc, que participa do Evento na praça pública, sensibilizando a multidão de milhares de pessoas.

RIE – Nesse momento conturbado de grande transição verificam-se diversos desvios das práticas espíritas no nosso movimento espírita. Como devem agir os dirigentes espíritas?
Divaldo – O fenômeno que ocorreu com o Cristianismo nascente, depois com o luteranismo e outras doutrinas, inclusive as filosóficas, vem sucedendo com o Espiritismo. Grande número de pessoas, imaturas umas, presunçosas outras, prepotentes mais outras, e de diversas condutas emocionais, aderem às idéias novas para servir-se e não para as servir. Ao entusiasmo inicial sucedem-se a arrogância, o egoísmo desmedido, e logo passam a modificá-las a seu bel-prazer. Promovem as lamentáveis alterações e divisionismo. Infelizmente, esse fenômeno é típico do período de transição moral planetária que estamos vivendo. O Espiritismo, porém, na sua magnífica estrutura monolítica, sobreviver-lhes-á, porque a desencarnação os arrebatará e os seus seguidores logo se extraviarão, desnorteados. Acredito que os dirigentes espíritas devem permanecer fiéis à codificação, preservando os valores doutrinários e vivenciando-os, porque os modismos passam, não atacando essas vertentes filhas da vaidade e da prosápia dos seus líderes que, não tendo quem os combata para assumir posição de vítimas, debilitam-se e desaparecem. O silêncio, nesses casos, acompanhado das ações dignas e coerentes com a Codificação constitui o melhor contributo para a preservação do Espiritismo conforme o recebemos de Allan Kardec e dos nobres missionários que vieram para dar-lhe sustentação e mantê-lo digno para as gerações do futuro.


RIE - Como os dirigentes devem se posicionar diante de uma avalanche de obras mediúnicas de conteúdo duvidoso que estão prestando um desserviço à divulgação da Doutrina Espírita?
Divaldo – O melhor antídoto ao mal é sempre o bem, assim como a luz é a libertadora da sombra. Penso que todos deveremos ter muito cuidado para não voltarmos à presunção e intolerância medievais, elaborando um novo código de obras que devem ou não ser publicadas, o que seria profundamente lamentável. Assim, divulgando as obras legítimas, aquelas que não têm conteúdo doutrinário ou têm-no deformado, ficarão à margem. É lamentável a confusão que essas obras produzem em pessoas não conhecedoras da Codificação e que se empolgam com as fantasias de que se fazem portadoras, dificultam-lhes a visão clara e real do Espiritismo. Nada obstante, os responsáveis terão que responder pelos equívocos propositais ou não de que se fizerem instrumentos.

RIE – Há um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional para obstar a utilização das mensagens psicografadas nos tribunais. Qual é a sua opinião?
Divaldo - Embora eu desconheça o projeto referido, acredito que a missão do Espiritismo não é a de defender pessoas acusadas desta ou daquela ocorrência infeliz. Vulgarizando-se a prática, teremos um desvio total dos objetivos da Justiça, que passaria para ser analisada através de fenômenos mediúnicos, nem sempre autênticos, com graves danos para a sociedade. Quando o venerando apóstolo da mediunidade, Chico Xavier, psicografou duas mensagens narrando o que aconteceu realmente com os desencarnados, o objetivo que os Mentores mantiveram foi o de comprovar a autenticidade daqueles que as assinavam. Eram, no entanto, tão verdadeiras que, ao serem levadas ao Tribunal, foram consideradas provas da inocência dos réus. Tal ocorrência, no entanto, foi especial e única, não devendo tornar-se corriqueira…

RIE - Por favor, suas considerações finais.
Divaldo - O Espiritismo é o Cristianismo redivivo, conforme Jesus nos havia prometido (João XIV-16 e seguintes), ao referir-se ao Consolador, que rogaria ao Pai para que viesse ficar conosco. Divulgá-lo, o mais amplamente possível, vivendo-o em toda a sua grandeza, é tarefa que não podemos desconsiderar, postergando-a ou ignorando-a. Na condição de apóstolo da Era Nova, Allan Kardec deu-nos o exemplo de como comportar-se o espírita, jamais agredindo, mesmo quando agredido, trabalhando sem cessar em favor de si mesmo e do seu próximo. Assim sendo, o espírita poderá ser considerado um verdadeiro cristão.

Entrevista concedida ao site  O Clarin

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AOS MEUS FILHOS...





Meus filhos venho falar a vocês como alguém que abandonasse a noite de Tirésias, no carro

fulgurante de Apolo, subindo aos cumes dourados e perfumados do Hélicon. Tudo é

harmonia e beleza na companhia dos numes e dos gênios, mas o pensamento de um cego,

em reabrindo os olhos nas rutilâncias da luz, é para os que ficaram, lá longe dentro da noite

onde apenas a esperança é uma estrela de luz doce e triste.

Não venho da minha casa subterrânea de São João Batista [O espírito se refere ao cemitério

de São João], como os mortos que os larápios, às vezes, fazem regressar aos tormentos da

Terra, por mal dos seus pecados. Na derradeira morada do meu corpo ficaram os meus

olhos enfermos e as minhas disposições orgânicas.

Cá estou como se houvesse sorvido um néctar de juventude no banquete dos deuses.

Entretanto, meus filhos, levanta-se entre nós um rochedo de mistério e de silêncio.

Eu sou eu. Fui o pai de vocês e vocês foram meus filhos. Agora somos irmãos.
 Nada há de mais belo do que a lei de solidariedade fraterna, delineada pelo Criador na sua glória

inacessível.  
A morte não suprimiu a minha afetividade e a ainda possuo o meu coração de homem para o qual vocês são as melhores criaturas desse mundo.

Dizem que Orfeu, quando tangia as cordas de sua lira, sensibilizava as feras que agrupavam

enternecidas para escutá-lo. As árvores vinham de longe, transportadas na sua harmonia.
 Os rios sustavam o curso nas suas correntes impetuosas, quedando-se para ouvi-lo. Havia deslumbramento na paisagem musicalizada. 
A morte, meus filhos, cantou para mim, tocando o seu alaúde. Todas as minhas convicções deixaram os seus lugares primitivos para sentir a grandeza do seu canto.

Não posso transmitir esse mistério maravilhoso através dos métodos imperfeitos de que disponho. E, se pudesse, existe agora entre nós o fantasma da dúvida.

Convidado pelo Senhor, eu também estive no banquete da vida. Não nos palácios da popularidade ou da juventude efêmera, mas no átrio pobre e triste do sofrimento onde se

conservam temporariamente os mendigos da sua casa. Minha primeira dor foi a minha primeira luz. E quando os infortúnios formaram uma teia imensa de amarguras para o meu destino, senti-me na posse do celeiro de claridades da sabedoria.  
Minhas dores eram minha prosperidade. Porém qual o cortesão de Dionísio, vi a dúvida como a espada afiadíssima

balouçando-se sobre a minha cabeça. 
Aí na Terra, entre a crença e a descrença, está sempre ela, a espada de Dâmocles. Isso é uma fatalidade.

Venho até vocês cheio de amorosa ternura e se não posso me individualizar, apresentando .me como o pai carinhoso, não podem vocês garantir a impossibilidade da minhasobrevivência.
A dúvida entre nós é como a noite. O amor, entretanto, luariza estas sombras.

Um morto, como eu, não pode esperar a certeza ou a negação dos vivos que receberem a sua mensagem para a qual há de prevalecer o argumento dubitativo.
 E nem pode exigir outra coisa quem no mundo não procederia de outra forma.

Sinto hoje, mais que nunca, a necessidade de me impessoalizar, de ser novamente o filho ignorado de dona Anica, a boa e santa velhinha, que continua sendo para mim a mais santa das mães. 
Tenho necessidade de me esquecer de mim mesmo. Todavia, antes que se cumpra este meu desejo, volto para falar a vocês paternalmente como no tempo em que destruía o fosfato do cérebro a fim de adquirir combustível para o combustível para o estômago.

-Meus filhos!... Meus filhos!... Estou vivendo... Não me vêem?... Mas olhem, olhem o meu coração como ainda está batendo por vocês!...

Aqui, meus filhos, não me perguntaram se eu havia descido gloriosamente as escadas do Petit Trianon; não fui inquirido a respeito dos meus triunfos literários e não me solicitaram informes sobre o meu fardão acadêmico. Em compensação, fui argüido acerca das causas dos humildes e dos infortunados pelos quais me bati.

Vivam pois com prudência na superfície desse mundo de futilidades e de glórias vãs.

Num dos mais delicados poemas de Wilde, as Órcades lamentara a morte de Narciso junto de sua fonte predileta, transformada numa taça de lágrimas.

-Não nos admira – suspiram elas – que tanto tenhas chorado!... Era tão lindo!...

-Era belo Narciso? – perguntou o lago.

-Quem melhor do que tu poderás sabê-lo, se nos desprezavas a todas para estender-se nas relvas da tua margem, baixando os olhos para contemplar, no diamante da tua onda, a sua formosura?...

A fonte respondeu:

-Eu adorava Narciso porque, quando me procurava com os olhos, eu via, no espelho das suas pupilas, o reflexo da minha própria beleza.

Em sua generalidade, meus filhos, os homens, quando não são Narciso, enamorados de sua própria formosura, são as fontes de Narciso.

Não venho exortar a vocês como sacerdote; conheço de sobra às fraquezas humanas.

Vivam, porém a vida do trabalho e da saúde, longe da vaidade corruptora. E, na religião da consciência retilínea, não se esqueçam de rezar.

Eu, que era um homem tão perverso e tão triste, estou aprendendo de novo a minha prece,como fazia na infância, ao pé de minha mãe, na Parnaíba.

-Venham, meus filhos!... Ajoelhemos de mãos postas... Não vêem que cheguei de tão longe?
 Fui mais feliz que o Rico e o Lázaro da parábola, que não puderam voltar...

Ajoelhemos no templo do Espírito; inclinem vocês a fronte sobre o meu coração.
 Cabem todos nos meus braços? Cabem, sim...

Vamos rezar com o pensamento em Deus, com a alma no infinito. Pai nosso... que estais no céu... santificado seja o vosso nome...

 08 de Abril de 1935, espírito do grande Humberto de Campos