O ano de 1917, data do triunfo da revolução bolchevista, assinala o início de um período novo, não somente para a história da Rússia, mas também para a história do cristianismo. Os dirigentes comunistas tomaram imediatamente posição a respeito da religião e das confissões religiosas, e perseguiram o seu desígnio com todos os meios que lhes proporcionava a ditadura que acabavam de impor.
Essa ação anti-religiosa do regime soviético devia, com o correr do tempo, exercer grande influência em outros países, primeiro pelas diretrizes do Kominform ao comunismo internacional, e depois graças ao prestígio político da URSS após a segunda guerra mundial.
Na sua luta contra a religião em geral e contra o cristianismo em particular, o comunismo bolchevista procederá por etapas. Enquanto a guerra civil (1917-1921) correr o risco de pôr em causa a revolução, as medidas serão desiguais e ocasionais.
Mais tarde a ação perseguidora assumirá caráter sistemático, alternando-se os períodos de cruel perseguição com outros de calma relativa. Em compensação, a propaganda será sempre extremamente ativa.
De acordo com a doutrina comunista, os fatores que contribuem para a sobrevivência da religião são: a proteção do Estado, a influência que ela exerce sobre a educação da juventude, o ascendente de que goza no seio da família e entre o povo, do qual ela é o “ópio”. Foi por isto que os dirigentes bolchevistas logo se esforçaram por isolar as confissões religiosas dos diversos aspectos da vida pública.
Uma das primeiras leis do Soviete Supremo decretará a separação entre a Igreja e o Estado. Privará a Igreja das suas propriedades fundiárias e de todos os seus outros rendimentos, pondo-a assim à mercê do Estado. A religião foi decretada negócio privado do cidadão.
Em julho de 1918, o país foi dotado de uma Constituição provisória. Dizia o seu artigo 13: “A propaganda religiosa e anti-religiosa é permitida a todo cidadão”.
Novas leis e novos decretos atenuaram a força dos laços familiares e arruinaram a autoridade dos pais sobre os filhos. A escola foi igualmente subtraída à Igreja, e todo ensino religioso proibido por toda a duração da “formação” da juventude. Até à maioridade, a palavra nesse domínio ficava ao ateísmo.
Todavia, ao nível dos adultos é que a luta contra a religião atingirá o seu paroxismo. O Estado bolchevista empregará nela todos os meios ao seu dispor. Desde o início, organizaram-se conferências sobre o tema “religião e comunismo”, e fizeram-se imprimir e difundir entre o povo as melhores dentre elas.
Freqüentes artigos apareciam na imprensa contra a religião, e mesmo começou-se a ver circularem folhas volantes sobre esse assunto.
A poesia e a música foram mobilizadas nesse combate contra Deus.
E aqui, quando os EVANGÉLICOS e CRISTÃOS falam que os Comunistas fizeram ataques crués contra a religião e Deus, eles estão dizendo a verdade. Verdade essa revelada pela história ( sic).
O teatro, artístico ou popular, bem como o cinema, vulgarizaram a luta anti-religiosa. As paredes cobriram-se de cartazes caricaturais.
Criou-se para a juventude soviética (Komsomol) um seminário e uma faculdade de ateísmo. A partir do Natal de 1922 (quando os bolchevistas tiveram bem o poder em mãos), os Komsomol tomaram parte ativa nos cortejos carnavalescos anti-religiosos que, nas datas das grandes festas cristãs, percorriam as ruas de Moscou, de Leningrado e de todas as grandes cidades russas.
O Bezboznik (Sem Deus), revista mensal ilustrada, cheia de infâmias contra a religião, apareceu pela primeira vez no Natal de 1922, e foi largamente distribuído por toda parte. Movia a luta em nome da “ciência”.
Enquanto se procedia à liquidação do cristianismo, os bolchevistas confiavam ao Partido o cuidado de substituir a fé religiosa. Os “meetings” deviam assumir verdadeira função social, aquela mesma que tinham anteriormente os ofícios religiosos na vida coletiva do povo. O teatro, em particular, foi consideravelmente desenvolvido, para se fazer dele uma espécie de “templo” da vida nova. Enquanto em 1914 só se contavam 210 teatros na Rússia, desde 1920 o número deles atingira perto de 6000, e nos anos que se seguiram ainda aumentou consideravelmente.
Sucedeu freqüentemente serem as próprias igrejas transformadas em teatros. Ali, sob forma de “bailados russos”, ou com o auxílio de outros espetáculos mais ou menos requintados, fazia-se propaganda para o sensualismo e para a nova política.
Mas os dirigentes soviéticos trabalhavam sobretudo em inculcar às massas o culto de Engels, de Marx e de Lenine, organizando junto ao túmulo deste último verdadeiras “adorações noturnas”.
A tática dos dirigentes comunistas visou a ferir, em primeiro lugar, a Igreja ortodoxa russa, considerada como a aliada por excelência do tzarismo.
Mas, foi a PERSEGUIÇÃO À IGREJA CATÓLICA que se revelou mais cruel e insistente.
fonte: http://permanencia.org.br/drupal/node/1325
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