
No mundo contemporâneo
(pós-pós-moderno) e diante de suas inúmeras “complexidades temáticas”, as tais
conferências, congressos e simpósios se multiplicaram de forma inimaginável e
já estão entrando naquilo que o filósofo Miguel Sturvinski denomina de “
reprodução estéril das mesmas coisas”.
Tem conferência para decidir
assuntos para outra conferência e congressos pomposos que tratam dos
mesmíssimos assuntos em “novas-velhas” teses, críticas, encaminhamentos e
desafios.
Nem bem acaba uma conferência e
já inicia outra com variações e floreios diferenciados dos mesmos “debates já
debatidos”.
Segundo pesquisas feitas pelo
pós-pós-doutor Richard Brutcholl, em seu livro: A reprodução do óbvio, Editora sarcasmos,
3ª edição-já foram realizadas 25733 congressos, simpósios e conferências
falando sobre o tal desenvolvimento sustentável, biodiversidade e a importância
de se preservar a natureza para as futuras gerações.
Sobre como “entender
profundamente” as origens e causas da violência urbana e qual a profilaxia e
planos governamentais para diminuí-la já houve mais de 34789 encontros,
gastando bilhões com hotéis,
alimentação, transporte. Etc.
Existe uma verdadeira “indústria
das mesmas discussões” que movimenta bilhões para discutir e debater o óbvio.
O meu amigo Juca Alves, por
exemplo, já participou de uns 200 encontros sobre a temática do adolescente
infrator (Estatuto da Criança e Adolescente) e da aplicação de medidas socioeducativas
e quais as formas de retirar jovens das ruas, das drogas e diminuir os índices
de internações, de atos infracionais e outras salamandras do gênero.
O Juca confidenciou-me que os
debates são rigorosamente os mesmos, diferindo apenas que uns palestrantes
citam autores Italianos e outros Franceses e Americanos, passando uma espécie
de “verniz especial” sobre aquilo que todos estão coalhados de saber.
Assuntos como a “ética e a
moralidade na política”, ele participou de uns 30 congressos e todos os
oradores concluíram exatamente aquilo que já haviam dito em edições anteriores,
de modo que a simples reprodução de uma edição anterior já resolveria a questão,
podendo até ser enviada por arquivo de áudio para os que estivessem
interessados, sem maiores custos e perda de tempo.
Atualmente, o Juca entrou em
depressão e desenvolveu verdadeiro trauma com tais eventos. Tanto que sequer
participa de uma simples reunião familiar.
Revoltou-se com a “ punheta
ideológica e teórica” sobre temas que se tornaram insuportáveis por serem
óbvios demais.
Ele acha que no futuro existirá uma máquina onde o cidadão escolherá um tema, colocará algumas moedas e com um fone de ouvido poderá ouvir uma síntese de assuntos, resumindo umas 15 mil palestras em apenas alguns tópicos. A tecnologia dará um jeito de tornar mais prático e suportável aquilo que hoje está ficando chato e caro demais.
O Juca prefere plantar árvore,
cultivar hortaliças e fazer caridade ajudando alguém que esteja necessitado de
verdade.
Já não quer mais “salvar o mundo”
apenas em discursos e verborragias teatrais.
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