terça-feira, 24 de setembro de 2013

QUALQUER PIÁ DE BOSTA.



 

Se os “tempos de internet” trouxeram avanços inquestionáveis nas comunicações, democratização da informação (com notas de conhecimento) e a possibilidade e interconexões várias e outras salamandras do gênero, também trouxe um espécie de náusea que nos carrega com um “sentimento de burrice” diante das novas gerações.

Em palestras, simpósios, pesquisas, debates “qualquer piá de bosta” está bancando o sábio e erudito: com citações impecáveis dos grandes expoentes da história do pensamento. Parece que a erudição virou um lugar comum que não empolga mais ninguém. Não há mais aquela vaidade e aura majestosa que iluminava quem estava palestrando sobre um tema importante e instigante do conhecimento humano.

Está tudo banalizado demais.

Doutores são rebatidos por meros graduados e em muitas situações até vencidos nas argumentações. É que o autodidatismo virtual está produzindo verdadeiros monstros que saem de verdadeiras cavernas com um conhecimento colossal e até maior que originários das cátedras.

Em uma palestra na PUC de Porto Alegre, assisti ao espetáculo de um piá debatendo Martin Heidegger com um professor já tarimbando no assunto. Falava que o conceito do tal DASEIN dito pelo mestre estava equivocado e não se inseria minimamente na contemporaneidade, etc. etc.

Teimou que  aquilo que uma coisa é, em seu ser, não se esgota em sua objetividade e principalmente quando a objetividade possui o caráter de valor e que toda valorização, mesmo quando valoriza positivamente se constitui em uma subjetivação.
Fez outras elucubrações que devido ao meu raquitismo mental sequer consegui entender  e logicamente não consigo me lembrar. Sei dizer que era algo de extrema complexidade e o piá falou com louvável propriedade e fundamentação.

O professor respondeu com citações em alemão, falando que havia um equívoco de tradução. O piá prosseguiu discordando, afirmando que também dominava o idioma.

A palestra se transformou em uma verdadeira “escaramuça de monstros” com um público se sentindo idiota diante da precocidade daquele piá e da audácia em debater de igual pra igual com o venerável mestre.

A conclusão a que cheguei é que não se fazem mais palestras como antigamente. A verborragia mágica dos oradores de antanho não está mais proporcionando o mínimo de respeito ou, em outra linha de pensamento: o manancial de estudos, teses, livros, textos disponíveis na Net está proporcionando uma verdadeira revolução no sentido de dar audácia aos que antes eram meros convidados de pedra e tinham um temor reverencial por não entenderam quase nada do que estava sendo dito.

O fato é que fiquei me sentindo um completo burro.  Velho demais para ter a audácia de desafiar a juventude de hoje.

Em tais palestras e debates fico sempre no mais absoluto silêncio.
 Até para não deixar fiasco!
 
E SEGUE O BARCO DA VIDA NO VASTO RIO DA EXISTÊNCIA.

 

 

 

 

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sim... e para que ainda lemos livros hoje? Qualquer um pode ser mestre, apenas provando a superioridade do seu ego, até mesmo com ideias nada edificantes, com mediocridades, imagina que estes dias atrevi-me a informalmente proferir um comentário com palavras científicas, e não fui bem recebida...afinal, para que buscarmos a Beleza da nossa língua materna, se isso não tem mais valor? E cuidado, por que se prezares demais pela busca da norma culta, estarás demonstrando "preconceito linguístico"!!! E também ainda demonstrarás que não entende nada de sociolinguística e que a Língua é um fenômeno em constante evolução...mas somos obrigados a aceitar tudo?
    Ademais da aplicabilidade da análise do discurso e da teoria enunciativa de Jacqueline Authier-Revuz nas criações discursivas do profícuo escritor Luis Fernando Arbo, observamos atributos raros de criação literária, através dos nossos conhecidos personagens “Juca Alves”, e “Miguel P. Sturvinski”, “Apulho J. Neves”... e ditos peculiares que já ecoam, “...e segue o barco da vida no vasto rio da existência...” ou “salamandras do gênero”...E a enumeração de novas patologias, teses conspiratórias e neologismos inéditos, como a “livrose”, “zangocracia”, “homem-tetéia”, “república da moral de cuecas”, “lorpandário”... Encontramos marcas da alteridade constitutiva do discurso e do sujeito nas criações de Arbo. O escritor tem como característica tomar discursos anteriores ao tema atual com perspicácia, dotando novos sentidos inesperados, submergindo um novo discurso crítico-reflexivo, promovendo intensos movimentos dialógicos.
    O sujeito escritor Luis Fernando Arbo, tem traços fortes de herança machadiana, Guimarães Rosa, e fortemente Balzac, Baumann, Strauss, Lacan, Nelson Rodrigues, Humberto de Campos, Augusto dos Anjos, Hesse, Fernando Pessoa, Camus, Thekov, Nietzsche, Huxley... todas as mentes geniais que uniram dialogicamente a linguagem à outras teorias e discursos ideológicos, e no seu tempo, recriaram a língua com destreza... Língua que não é estática, um fenômeno em constante evolução. Reconhecemos desta forma pistas da heterogeneidade de Jacqueline Authier-Revuz. pois os textos são plenos de elementos autonímicos, onde o autor se coloca como juiz e dono de suas palavras, emite julgamentos sobre as palavras e os novos termos e significações criadas... Observamos também claramente nos textos, o mecanismo da heterogeneidade mostrada não marcada, o processo enunciativo da ironia e discurso indireto livre. Identificamos em grande parte das criações de Luis Fernando, a construção de sentidos utilizando-se de refinada sátira e ironia. Seja através das críticas bem humoradas às estruturas sociais, ideias, e teses, transfiguradas através de personagens epicuristas geniais, ou em espontâneas e breves criações e citações próprias que ecoarão para sempre na nossa língua materna...

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  3. É verdade amigo! De fato é muito relevante o que um grande filósofo consagrado e especializado diz e o que o que diz um mendigo semi analfabeto facenado interessado nos problemas do mundo e provavelmente com sua cachaça na mão, a relevância seria o estado de sua condição! Meritocracia, sem condições parelhas de desenvolvimento pessoal, não pode ser viável nunca será, se optar considerar a seleção natural vale tudo e prefiro bater na tecla de que não podemos ser boicotados como pessoa somente porque é da natureza do ser não satisfazer-se. E é óbvio que não falo de luxo eu falo de condições para desenvolver-se. Vou bater sempre na tecla de que o ser humano tem que ser diminuído boicotado para ser manipulado e não crescer os olhos em vista de que não se satisfará. O que peço não é muito é que se crie sistemas formado por cidadãos que participam e tem base para participar do planejamento das cidades. Por que é tão difícil formar cidadãos? Por que é tão difícil pressionar o STF, a câmara de vereadores, deputados eu respondo que é por que pra tudo tem de ser especialista, o mundo das especialidades. Luis Felipe Scolari ídolo máximo de uma porção de gremistas, disse uma frase mais ou menos assim, eu não falo de política por que não entendo de política, eu falo de futebol. Não quer falar não fala. O CIDADÃO tem que falar de política, eles têm que fazer o que precisamos, não podem dar muito mesmo, mah tem que da o basico. Não precisa ter uma onda de ter discursos em todo lugar, em shows e pa, tudo isso banaliza, é no dia-dia na horas sérias, Mas para quem só virou anedota é claro que tudo se banaliza. Sem falar da dificuldade de se fazer entender com uma linguagem ruim. Sem mais delongas agora vou ler o seu texto!

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