quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ELA ERA UM CORPO


                                                    

 

Ela era um corpo inicialmente virtual e que um dia se tornou real.

Com as facilidades comunicacionais das novas convergências midiáticas começamos o nosso “relacionamento de bolso”: amor líquido e que sabíamos descartável.

Não tínhamos projetos de nada e o companheirismo que havia era apenas com finalidades sexuais: o mais puro ardor hedonista.

Ela não era uma pessoa. Só existia como um corpo. Um corpo que ao satisfazer os meus desejos e fantasias mais safadas também alcançava múltiplos orgasmos.

Enriquecíamos os motéis em encontros onde a luxúria ditava as regras.

A beleza dela era um ingrediente amiúde afrodisíaco que fez a relação puramente carnal durar mais de 2 anos. A frivolidade está sendo duradoura.

Preenchíamos um vazio interior no outro e assim conseguíamos um sentido para viver.

Afugentávamos as incertezas da vida na exploração máxima que os nossos corpos eram capazes.

Eu não me amava e usava-a para preencher minhas deficiências. Buscava um ego complementar.

Ela só tinha importância para satisfazer os meus objetivos mais egoístas e creio que eu também tinha essa função para ela.

Ela era um suporte.

E quando a relação deu indícios de que poderia se tornar um sentimento verdadeiro: o tesão acabou e com ele descartamos um ao outro.

Uma experiência amorosa seria a nossa degradação.

São os tempos pós-pós-modernos.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário