Ilusões refinadas, sofisticadas,
requintadas sempre venderam bem. É imenso o número de pessoas que se encanta
com um charlatão vestido de terno e gravata da Armani, pregando moral e prometendo a
certeza de um futuro feliz e de extremo sucesso.
A humildade e simplicidade de Cristo ou
de um Francisco de Assis não tem o mesmo poder de persuasão que uma ideologia
de grife, com marca consagrada e que tenha fragrância de perfume importado.
Foi realizada uma pesquisa na
Universidade de Edimburgo, onde se constatou que a esmagadora maioria das
pessoas prefere uma “ ilusão refinada” onde exista uma mistura de mármore, ouro
e gente bem vestida debuxando relatos de que vivem em um mundo encantado e
distante de problemas, justamente por terem apostado e seguido os ensinamentos milagrosos e mágicos de
determinado guru ou sábio.
E quando o assunto é “credibilidade”, constatou-se
ser uma grandeza diretamente proporcional com o pagamento de um valor significativo
de dízimo ou contribuição. Em outras palavras: as pessoas que eram estimuladas
a contribuir com uma boa quantia em dinheiro davam maior credibilidade e
respeito àquela “instituição” com quem estavam lidando. Livros com títulos inusitados e exóticos foram vendidos por até R$ 2000 ( dois mil reais).
Tendo conhecimento de tais pesquisas,
alguns vendem sua crença, ideologia ou " filosofia de vida" em 20 x no cartão de crédito com direito a máquina
para passar o cartão a cada 5 fileiras de bancos dentro de suas sedes.
Comercializa-se de tudo, sendo a crença
apenas uma forma de reunião do grande público.
Com o avanço da tecnologia já
existem pen drives e “nuvens” onde são
depositados arquivos de “pensadores consagrados” e de “ alto coturno” que
podem, de alguma forma, orientar e salvar a vida de muitos ( curar, levar ao
sucesso, alegria infinita, etc).
Por algumas pratas o fiel ou cliente ganha uma
senha para acessar esse conteúdo que é sempre atualizado pelos que entendem do
assunto. É sucesso garantido.
Os que não se atualizam ou são pobres demais, além da "condenação divida" em decorrência de seus próprios atos ( livre arbítrio de continuarem pobres) fatalmente, em curto espaço de tempo, estarão excluídos de todo e qualquer "ensinamento de salvação".
Segundo o filósofo Polonês Miguel
Sturvinski, essa é a tendência predominante na pós-pós-modernidade. Claro que
existem exceções.
Queixando-se de que o mundo “vai
errado”, em um passado que ultrapassa a 100 anos, dizia o imortal poeta
Gregório de Matos Guerra:
Carregado de mim
ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo?
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que, só, sisudo.
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo?
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que, só, sisudo.
Seguindo o conselho do poeta, não ouso opinar sobre tal
assunto.
Mantenho-me mudo.
E segue o barco da vida no vasto rio da existência.
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