
Dentre as inúmeras mudanças do
mundo pós-pós-moderno figura aquilo que denomino de “ amizade de isopor”. É uma
relação que vai além do que o tal de Zygmunt Bauman denomina de “ relações
líquidas”.
No mundo virtual é aquela amizade
para constar. Recebemos um “convite de amizade” de alguém, aceitamos e tudo
permanece igual ao que era antes.
Sem vigor, branca demais,
raquítica, insípida e inodora a “ amizade de isopor” revela um tolo prestígio
de um acúmulo ( aquele que diz ter 2000 amigos) inútil e na grande maioria dos
casos: mentiroso.
E lá fica o vivente, dentro de um
arquivo que afirma que ele é teu “amigo”, embora esteja pouco lixando para a
tua vida, teus dramas pessoais, alegrias e aquela necessidade intrínseca ao ser
humano de “ convivência social”.
Em casos raros, não sem o
propósito de pedir algum favor ou benefício, o “ amigo” surge sorridente e
essencialmente pragmático, debuxando de forma brevíssima o seu pedido e logo
retornando para o mundo da insensibilidade habitual.
De regra impera o perscrutar daquilo que possa
significar alguma vantagem, sendo que mesmo que exista a sinceridade de
propósitos de alguma das partes a regra é entender que sempre existe um
interesse a ser perseguido, sendo a amizade apenas um meio e nunca um fim.
E nesse campo largo, a desconfiança anda
de rédeas soltas, galopando com vigor encurralando-se em jogos de cinismo,
falsas cordialidades, ensinamentos da vaidade própria e deturpações várias que
gestam e parem uma forma bisonha de relação.
E quando alguém, percebendo essa
situação a acha ridícula, não falta um “ amigo de isopor” para te denominar de
estressado, louco ou algo que o valha. Ao certo, consideram como “ evolução dos
costumes” essa Sibéria que incrementamos cotidianamente.
Somos todos sábios, todos
conscientes, todos inteligentes e diariamente todos possuem algo genial e inusitado
para ensinar para alguém.
O mundo virtual virou o templo da moral e da
ética que ninguém ousa dizer que não possui.
E os amigos de isopor são como
uma nuvem de mosquitos em um lugar distante.
Mas, são amigos.
Mas, são amigos.
E segue o barco da vida no vasto
rio da existência!
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