terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ALÉM DO ESPETÁCULO



Diariamente convivemos com necessidades que são impostas " goela abaixo" e sem qualquer possibilidade de resistência eficaz a ponto de mudar o rumo traçado pelos "donos do mundo" como diria o ilustre Ruimundo Faoro.
É a versão mais atual daquilo que já é amiúde tecnológico; novo programa tornado imprescindível para facilitar inúmeras atividades e uma gama enorme de mercadorias que passam a ser condição imprescindível para o sujeito ser " alguém" diante daquilo que tem um "valor social" maior na hierarquia das frivolidades.
Dentro desse contexto está a tal de COPA DO MUNDO e a promessa redentora de que patrocinará um desenvolvimento sem precedentes para a "nação brasileira", com lucros garantidos para quem comercializar bonecos, bandeiras, bolas, camisetas e toda uma parafernália de bugigangas que tal evento enseja.
Desconsiderando toda sorte de problemas sociais, desigualdades e o histórico gritante de descalabros com a Saúde Pública, os investimentos feitos pelo Poder Público não se justificam e ganham uma antipatia cada vez maior.
Evidente que os contrários e os favoráveis estão encharcados dos interesses políticos ou particulares que defendem. Não existe nada puro ou cândido no terreno das disputas humanas. Em ambos os lados sempre existem os exageros e as ressalvas e obtemperações a serem feitas.
Todavia, desconsiderando isso, existem os que querem impor a ideia de que a realização da COPA DO MUNDO é um " mal necessário" e algo que um ser humano "versátil",  " pós-moderno" e " pensante" deve não só aceitar, como se engajar de corpo e alma na defesa dessa ideia.
O fato é que a opinião divergente de quem não tem o poder é algo essencialmente inútil e resulta em um gasto de energia com algo que de qualquer forma não irá mudar. As passeatas e arruaças contra a realização da Copa do mundo só fizeram é aumentar o número de seguranças e do aparelho de segurança que será usado quando da realização dos eventos.  Os novos contratados agradecem com a nova oportunidade de renda.
E um espetáculo acaba contribuindo com o espetáculo contrário, ambos sobrevivendo de forma conjugada e necessária dentro da sistemática sempre arguta do capitalismo.
Se formas diversas da mesma alienação se combatem sob as máscaras da escolha total, é porque elas estão todas identificadas com contradições reais recalcadas, conforme as necessidades do estado particular da miséria, que desmente e mantém. 
Nos dois casos, avaliando bem, existe uma imagem de unificação feliz, cercada de desolação e de pavor, no centro tranquilo da infelicidade.
 Há boatos de que os preteridos na divisão dos fabulosos lucros da vindoura Copa do Mundo estão usando os mais radicais para protestar e com isso permitir um novo patamar de negociação a ponto de satisfazer seus interesses. E tudo acaba sendo "interésses" ( dos dois lados) como afirmava o saudoso Leonel Brizola.
E como dizia o meu amigo Guy Debord: " a crítica que vai além do espetáculo deve saber esperar".
Então, vamos esperar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário