quinta-feira, 28 de novembro de 2013

TRISTEZA VIRTUAL QUE É LINDA E BELA



A “ tristeza virtual” em alguns momentos é imensamente maior que a real.
Se no mundo virtual demonstramos nossas qualidades e alegrias, também cresce parelho o sentimento de dor quando recordamos a trajetória ou o histórico de quem não mais está entre nós.
Como é triste ver o Facebook ou o endereço virtual de quem partiu. Suas alegrias, mensagens, suas fotos com familiares e a troca de elogios com inúmeros amigos, namorados e pessoas de sua intimidade e relação.
Ficam ali plasmados os registros vivos de várias expressões faciais, destacando aquele mágico e belo sorriso que só existirá nesse lugar.
Ficam registradas todas as conquistas e o momento exato daquela alegria contagiante que é por si só irrepetível.
Ao revisitar a página de quem se foi, parece que a alma ou o espírito dessa pessoa passa a se comunicar também nesse arquivo que ficou.
Dá a nítida impressão que a pessoa falecida ficará recordando os momentos de alegria e o desencadear de acontecimentos inesquecíveis que ficarão para sempre nos corações de cada um que participou. É quase impossível acreditar que a conexão terminará.
Ali, o amor que existiu prossegue vivo. Notavelmente vivo.
Santo Agostinho, em alguma de suas veneráveis poesias, tem uma passagem que afirma:

“ A vida significa tudo
 o que ela sempre significou,
 o fio não foi cortado.
 Porque eu estaria fora
 de seus pensamentos,
 agora que estou apenas fora
 De suas vistas?

 Eu não estou longe,
 apenas estou
 do outro lado do Caminho...

 Você que aí ficou, siga em frente,
 a vida continua, linda e bela”
 como sempre foi.
De fato

O fio realmente não foi cortado, quem foi para o outro lado do caminho: permanece vivo nas boas recordações que ficaram.
E só assim, a vida continua linda e bela.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

CONSTRUTOR DE PARAÍSOS..





 Pesquisadores com pós-pós-doutorado da Universidade de Bruxelas acabam de descobrir que “consertar o mundo” no “mundo virtual” libera altas doses de dopamina, um importante neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação.
Bancar o Dom Quixote da moral,  o “Salvador da Pátria” , o “ Revolucionário” criando soluções mágicas onde todos serão felizes e viverão sem qualquer aborrecimento tem efeitos benéficos quando do dimensionamento da ilusão nos neurotransmissores.
A história da República registra escândalos de corrupção com participação dos mais diversos partidos e ideologias, mas a ideia que tentam passar nas redes sociais é a de que existe sim um partido puro, imaculado e que pode ser a panaceia de todos os males.
Existe sim um Santo Graal a ser encontrado!
Registram “lá infindas formas de felicidade e o “caminho correto” e “ sábio” a seguir, fazendo como uma espécie de “blindagem” e um lenitivo contra as irrevogáveis e inevitáveis amarguras e dissabores da finitude humana.
A Net é o solo fértil para os donos da verdade, da moral e da ética.
E eles possuem a fórmula para um lugar mais “justo”, bem melhor e com menos desigualdades sociais. O fato de o sujeito se sentir um “construtor de Paraísos” onde tudo funciona bem e não existem aborrecimentos (exceto o tédio) confere um sentido vitaminado para a vida e resulta, segundo as pesquisas, em benefícios inquestionáveis para a saúde do seu criador.
Quem não quer um SUS sem filas? Quem não quer ter todos os cidadãos empregados e com um trânsito tranquilo e calmo? Quem não quer um mundo longe da corrupção? Com uma Justiça perfeita? Ao menos, nunca li ou ouvi ninguém afirmar que é favorável àquilo que a maioria esmagadora repudia.
E nesse mundo unidirecional, criticar é sempre mais fácil.
Nunca vi um político dizer que vai destruir escolas e aumentar os impostos em suas campanhas e isso independente de partidos ou ideologias.
Ser o titular de uma bela tese e de bonita ideia de como fazer do mundo um lugar perfeito proporciona uma euforia que nutre o seu auto.
O velho argumento do " eu faria muito melhor" está sempre presente, pois ninguém poucos se atrevem a desqualificar a crença   num mundo mágico e maravilhoso.
Poucos gostam de se reconhecer impotentes, falíveis e limitados para mudar e transformar verdadeira e significativamente a sociedade capitalista em que vivemos e que colaboramos, diariamente, para manter exatamente como está.
E no bojo da mágica do mundo virtual e do faz de conta, não poderia faltar a hipocrisia e a demagogia como ingredientes principais.
E segue o barco da vida no vasto rio da existência!!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A FACE INCONTROLÁVEL


                                              


       Existe uma face incontrolável que faz uma gama enorme de seres humanos rumarem diretamente para o abismo das tragédias, dores e dissabores amiúde anunciados.
As campanhas de conscientização infelizmente não os alcançam guiados que estão pela cegueira inconsequente de seus comportamentos.
Cegueira essa que acaba enlutando muitas famílias e causando um sofrimento profundo nos que não entendem como um ser humano pode manter uma incompreensível persistência em algo que o levará a uma fatalidade ou a um quadro crônico de tristezas.
E essa face incontrolável que “explica não explicando” o uso de drogas, bebidas alcóolicas como se fosse algo imprescindível para a “ verdadeira diversão” ou como dizem alguns jovens: “ para curtir a vida” em sua plenitude.
E a morte, essa víbora implacável enche balaios dessas vítimas que fazem questão de estabelecer um diálogo constante com ela.
Em acidentes graves de trânsito, em distúrbios psicológicos que são dimensionados e desencadeados e nas demais tragédias cotidianas, ela (a morte) faz a sua farta colheita.
E a vida real se transforma em um palco diário do desenrolar de tragédias onde a plateia ( os que sobrevivem) restam prostrados diante da inútil vontade de transformar aquilo que é imodificável e que se repete sem cessar.
O grande escritor Guimarães Rosa afirmou que viver era muito perigoso.
E fica trágico quando não se tem o mínimo de cuidado com a vida.
E como nos dizia o filósofo Arthur de Shopenhauer : em geral, chamamos de destino as asneiras que cometemos.
Triste constatação.