quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ELA ERA UM CORPO


                                                    

 

Ela era um corpo inicialmente virtual e que um dia se tornou real.

Com as facilidades comunicacionais das novas convergências midiáticas começamos o nosso “relacionamento de bolso”: amor líquido e que sabíamos descartável.

Não tínhamos projetos de nada e o companheirismo que havia era apenas com finalidades sexuais: o mais puro ardor hedonista.

Ela não era uma pessoa. Só existia como um corpo. Um corpo que ao satisfazer os meus desejos e fantasias mais safadas também alcançava múltiplos orgasmos.

Enriquecíamos os motéis em encontros onde a luxúria ditava as regras.

A beleza dela era um ingrediente amiúde afrodisíaco que fez a relação puramente carnal durar mais de 2 anos. A frivolidade está sendo duradoura.

Preenchíamos um vazio interior no outro e assim conseguíamos um sentido para viver.

Afugentávamos as incertezas da vida na exploração máxima que os nossos corpos eram capazes.

Eu não me amava e usava-a para preencher minhas deficiências. Buscava um ego complementar.

Ela só tinha importância para satisfazer os meus objetivos mais egoístas e creio que eu também tinha essa função para ela.

Ela era um suporte.

E quando a relação deu indícios de que poderia se tornar um sentimento verdadeiro: o tesão acabou e com ele descartamos um ao outro.

Uma experiência amorosa seria a nossa degradação.

São os tempos pós-pós-modernos.

 

 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

QUALQUER PIÁ DE BOSTA.



 

Se os “tempos de internet” trouxeram avanços inquestionáveis nas comunicações, democratização da informação (com notas de conhecimento) e a possibilidade e interconexões várias e outras salamandras do gênero, também trouxe um espécie de náusea que nos carrega com um “sentimento de burrice” diante das novas gerações.

Em palestras, simpósios, pesquisas, debates “qualquer piá de bosta” está bancando o sábio e erudito: com citações impecáveis dos grandes expoentes da história do pensamento. Parece que a erudição virou um lugar comum que não empolga mais ninguém. Não há mais aquela vaidade e aura majestosa que iluminava quem estava palestrando sobre um tema importante e instigante do conhecimento humano.

Está tudo banalizado demais.

Doutores são rebatidos por meros graduados e em muitas situações até vencidos nas argumentações. É que o autodidatismo virtual está produzindo verdadeiros monstros que saem de verdadeiras cavernas com um conhecimento colossal e até maior que originários das cátedras.

Em uma palestra na PUC de Porto Alegre, assisti ao espetáculo de um piá debatendo Martin Heidegger com um professor já tarimbando no assunto. Falava que o conceito do tal DASEIN dito pelo mestre estava equivocado e não se inseria minimamente na contemporaneidade, etc. etc.

Teimou que  aquilo que uma coisa é, em seu ser, não se esgota em sua objetividade e principalmente quando a objetividade possui o caráter de valor e que toda valorização, mesmo quando valoriza positivamente se constitui em uma subjetivação.
Fez outras elucubrações que devido ao meu raquitismo mental sequer consegui entender  e logicamente não consigo me lembrar. Sei dizer que era algo de extrema complexidade e o piá falou com louvável propriedade e fundamentação.

O professor respondeu com citações em alemão, falando que havia um equívoco de tradução. O piá prosseguiu discordando, afirmando que também dominava o idioma.

A palestra se transformou em uma verdadeira “escaramuça de monstros” com um público se sentindo idiota diante da precocidade daquele piá e da audácia em debater de igual pra igual com o venerável mestre.

A conclusão a que cheguei é que não se fazem mais palestras como antigamente. A verborragia mágica dos oradores de antanho não está mais proporcionando o mínimo de respeito ou, em outra linha de pensamento: o manancial de estudos, teses, livros, textos disponíveis na Net está proporcionando uma verdadeira revolução no sentido de dar audácia aos que antes eram meros convidados de pedra e tinham um temor reverencial por não entenderam quase nada do que estava sendo dito.

O fato é que fiquei me sentindo um completo burro.  Velho demais para ter a audácia de desafiar a juventude de hoje.

Em tais palestras e debates fico sempre no mais absoluto silêncio.
 Até para não deixar fiasco!
 
E SEGUE O BARCO DA VIDA NO VASTO RIO DA EXISTÊNCIA.

 

 

 

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

SER GAÚCHO É UM DELITO


                                                     
 

Ser gaúcho é um delito, em 1872, escreveu José Hernández em seu famoso Martin Fierro. E de fato era.

Qualquer piá sabe que os “ gaúchos” eram mestiços sem lei, sem chefe e que viviam longe da ordem e da polícia, troteando ou vagando sem destino e sem saber se estavam no Brasil, Cisplatina ou Argentina.

Com o tempo, os grandes proprietários de terra os consideraram desordeiros e a própria sociedade sul-rio-grandense acabaria por marginalizá-los ainda mais se posicionando favorável a que fossem perseguidos pela polícia.

E sem floreios e bajulações o fato é que a Revolução Farroupilha serviu mais para dimensionar e estruturar ainda mais o poder de grandes estanceiros (caramurus e farroupilhas) não mudando patavina alguma na vida dos trabalhadores livres e dos escravos.

Os “gaúchos” na Revolução foram usados pelos grandes proprietários naquilo que tinham de melhor: suas habilidades de guerreiros e conhecimentos geográficos da pampa.

Tendo fama de bons lutadores (com facão e lança) os estanceiros arregimentaram os “gaúchos” para as guerras ou combates que tramavam fazer diante dos seus descontentamentos particulares.

O Governo Imperial vinha deixando esses poderosos descontentes e seus interesses ou eram negados ou prejudicados.

Lideraram então escravos, trabalhadores livres e “ gaúchos” para travar escaramuças que ao final só serviriam para ( logicamente) ampliar suas propriedades, seu poder: com o domínio da produção e valorização do charque e até mesmo do contrabando.

Os líderes garantiram suas propriedades ( em termos de legitimação) e elevaram o seu poder, prosseguindo uma concentração de terras ainda maior que a anterior a dita Revolução. Aos “gaúchos” restou o discurso ideológico do “ gaúcho herói”, ou seja: que foram destemidos, valentes, superiores e um exemplo que deve ser eternamente recordado.

O historiador Torronteguy, sobre o episódio Farroupilha escreveu: “ do ponto de vista material foi pura ilusão. Essa ideologia ultrapassou o século XIX e chegou até o presente travestida de um outro nome, o tradicionalismo, servindo para cultuar os costumes de antepassados, mas, no fundo escondendo a perversa troca que houve: em vez de dar terras aos trabalhadores e fazer uma verdadeira justiça social, os poderosos proprietários deram a ilusão de que eles ( os gaúchos) foram “ poderosos guerreiros” e que jamais a posteridade os esqueceria.

 A Revolução Farroupilha não foi nada semelhante ao mito criado por alguns historiadores românticos e que prossegue sustentado no “rito bonito e sedutor” daquilo que se denomina de tradição.

De qualquer forma, ao contrário do apregoado por Juremir Machado, o melhor mesmo é continuar acreditando num passado idealizado no campo, onde as pessoas são sempre honestas, sinceras, valentes e hospitaleiras.

É isso que ensinarei aos meus filhos.

Viva os heróis Farroupilhas! Viva a Revolução! Viva o “ gaúcho” herói !

 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ORAR TODOS OS DIAS!!



Humilhemo-nos diante de tí Grande Arquiteto do Universo!
Ajudai-nos em nosso dia a dia derramando sobre nossas cabeças as suas bênçãos divinas!

Fazei que nossos pensamentos sejam todos voltados para o bem, de nossos irmãos, de nossas famílias e de toda humanidade!

Daí nos força e coragem para que possamos seguir seus passos como os astros criados por ti percorrem no infinito ao redor do Sol em trajetória perfeita!

Que possamos ser fiéis às causas maçônicas, de modo que possamos difundir todo o bem que nos ensinastes!

Humilhemo-nos Senhor!
Para que possamos não criticar quem quer que seja!
Para que nossas mentes estejam sempre limpas!
Iluminai-nos Senhor com o brilho de sua luz para que possamos irradiar bondade ao nosso redor!

Lembrai-nos Senhor de que se julgamos somos passíveis de sermos julgados!

Lembrai-nos que a máxima: Liberdade; Igualdade e Fraternidade estejam sempre em nossos corações!

Assim Seja!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DEBULHAÇÃO PÚBLICA


                                         

Embora a Constituição Federal faça previsão do princípio da Presunção de Inocência, estamos assistindo a uma absurda e injusta inversão desse direito fundamental. Inúmeros são os casos onde julgamentos sumários acontecem em verdadeiras “debulhações públicas”.
Qualquer lorpa registra algo ou faz uma "denúncia" e sem o mínimo de critério alguém ( ainda mais lorpa) publica tal versão como definitiva dando destaque em sites, jornais ou meio virtual proporcionando, com isso, um verdadeiro linchamento moral de alguém que sequer foi formalmente acusado.
Nos meios virtuais existem casos onde sem sequer ouvir a versão do acusado ( ferindo frontalmente o princípio do contraditório) ele é condenado por uma turma de ignorantes que faz da sua opinião uma espécie de inquisição.
E geralmente são opiniões carregadas de rancor, ódio e mágoas que nada mais revelam do que a aflição existencial e espiritual de seus autores. O desequilíbrio é o indício primeiro da demência, já dizia o grande Baltazar Gracián.
No campo político, pessoas astutas e sagazes são capazes de comprar testemunhas e forjar uma acusação só para espalhar na mídia e causar estragos em seus adversários. São inúmeros casos de acusações de adultério, abortos, uso de drogas, corrupções, pedofilias e outras salamandras do gênero. Casos em que os "acusados" foram ABSOLVIDOS, pois se comprovou no término do processo que tudo não passou de uma abominável armação de algum desafeto político.
Num amálgama de perversidade, psicopatia e maquiavelismo alguns são capazes de caluniar, difamar, injuriar, dominados que estão pela obsessão de prejudicar pessoas que por algum motivo banal passam a ser o alvo.
Muitos são os casos de pessoas massacradas e reputadas “ facínoras” e “ monstros” que foram absolvidas, mas que tiveram sua vida ( moral e reputação) tisnada pelo afoitismo truculento dos que habitam na ESCURIDÃO da primeira versão dos fatos.
Ainda bem que o PODER JUDICIÁRIO em vários julgamentos tem rechaçado e colocado freios nessa verdadeira epidemia de considerar culpado e espinafrar a moral de quem tem contra si uma acusação unilateral e que sequer foi (minimamente) apreciada pelo Poder Constitucionalmente designado para tal tarefa: O JUDICIÁRIO.
Se fosse dada “ rédeas soltas” a esse modo de proceder teríamos com o tempo verdadeiras INDÚSTRIAS ou EMPRESAS a serviço da maledicência: oferecendo mercenários que servem de testemunhas para sustentar qualquer tipo de acusação ou versão, incentivando mágoas, alimentando discórdias acrescentando a isso os naturais comportamentos decorrentes de distúrbios psiquiátricos.
Em tal “ mundo” qualquer ser humano teria o incrível poder de destruir o outro, bastando um simples e unilateral  Boletim de Ocorrência  acrescido da ajuda de  alguns ignorantes para fazer proselitismos e passar a ideia de que a versão dada é ABSOLUTA e inquestionável, mesmo sem ouvir o que a parte contrária tem a dizer.
No rigor que só os mais civilizados possuem uma versão é apenas uma versão. Nada mais.
O julgamento pertence a um Juiz de Direito com a observação de um devido processo legal, ampla defesa e contraditório, considerando que mesmo em uma decisão monocrática não existe a decretação de uma “verdade absoluta”, pois em instância recursal a decisão dada pode ser reformada, anulada e modificada, tal como aconteceu no julgamento do Prefeito de Cruz Alta que foi inicialmente cassado e posteriormente absolvido de forma unânime pelos Desembargadores do T.R.E. Quem agora vai pagar pelo abalo moral que os precipitados lhe causaram em várias opiniões agressivas nas Redes Sociais? Pelos inúmeros comentários que o chamavam de corrupto?
Como diz um famoso ditado:  Summary iudicium iniquum iudicium