O grande filósofo Shopenhauer dizia em
uma passagem de um livro que não me recordo o nome que “Quando lemos outra
pessoa pensa por nós: só repetimos o seu processo mental.” Resolvi então parar
um pouco de ler.
Fiquei um mês inteiro sem ler jornais,
artigos científicos ou textos de filosofia. A revista Caros Amigos passou longe
dos meus olhos. Poesias do Neruda e contos do Anton Tchecov nem pensar.
Não li mais a fina ironia ( já
repetitiva) do ilustre Juremir Machado. Distanciei-me dos aristocráticos textos
do Luiz Felipe Ponde e de outras estrelas menores que circulam e reproduzem sempre nos mesmíssimos
temas que todos já estão enfarados de saber.
A crítica em si precisa de férias para se
reformatar e verificar, em visão panorâmica e retrospectiva, os seus ridículos.
Nesse ponto, “ emburrecer” um pouco faz o homem entender um pouco as razões dos
que costumeiramente optam pelo silêncio e pela leitura do estritamente
essencial.
Muitos amigos disseram que seria um atraso
imperdoável em não se dedicar à leitura. Mas, de qualquer forma, estamos sempre
em um irrecuperável atraso pois nunca conseguiremos ler nem a centésima parte
dos livros, revistas e informações que diariamente são publicados no mundo.
Por falar nisso, faz pouco que lançaram uma obra completa dos pensamentos do imortal José Saramago. O livro tem mais de 2 mil páginas e está guardado em um canto de meu escritório, esperando para ser lido. Acho que antes vou emprestá-lo.
Pensar talvez seja (também) desgarrar-se um
pouco da “pavonice livresca” e da verdadeira “pagagaiada de pirata” de ficar só
citando autores e pensadores que a mente humana é capaz de reproduzir em uma
decoreba estéril e enfadonha.
Saber uma notícia, uma informação com um certo
atraso tem uma certa mística. Muitas vezes, produz um sentimento dimensionado,
um lamento duplamente lamentado pela perda de grandes personalidades que tanto contribuíram
para o crescimento cultural e intelectual no Brasil.
Somente hoje
soube da morte do grande escritor João Ubaldo Ribeiro e que, no dia seguinte
morreria o denominado professor de espantos, Rubem Alves.
O Rubem era múltiplo.
Filósofo, psicanalista, pedagogo do mais alto coturno. O João Ubaldo é um
universo a ser descoberto.
A morte de
ambos permitirá uma descoberta ( nem é redescoberta) da grandeza de suas obras.
Mas, que essa
descoberta não se estribe na citação enfadonha de seus pensamentos sem que
primeiro exista o pensar de cada um.
Pois, valendo-me do papagaiar que o Rubem tanto condenava ( a ele pedindo desculpas):
Nietzsche
pensava o mesmo e chegou a afirmar que, nos seus dias, os eruditos só faziam
uma coisa: passar as páginas dos livros. E com isso haviam perdido a capacidade
de pensar por si mesmos. “Se não estão virando as páginas de um livro eles não
conseguem pensar. Sempre que se dizem pensando eles estão, na realidade,
simplesmente respondendo a um estímulo, – o pensamento que leram.
E segue o barco da vida no vasto rio da existência!!
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