quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

MULHER DESGRAÇADA.


 



 Que mulher desgraçada é aquela que é objeto do teu mais ardente desejo e que se deixa consumir por inteira já pensando em negociar com o domínio gigantesco que passou a ter sobre ti.
Que mulher infame!?
Que dormiu contigo e chafurdou-se na mais completa luxúria e te fez de instrumento para a realização das mais ardentes safadezas.
Mulher que te fez transcender a si mesmo e a voar em uma mágica e singular aventura.
Mulher que escreveu cartas de amor, que tirou fotos nuas, todas “marotas” para dar cordas nos já transbordantes sentimentos de amor.
Daquelas que assumiu as “rédeas” do ser apaixonado e o manteve viciado em seus carinhos embriagadores onde o hedonismo era a religião da relação.
Bela?. Tão bela que faria Ulisses novamente refazer suas peripécias com convicção de retorno mesmo diante do mar mais revolto e que certamente patrocinaria uma nova guerra de Tróia.
Todavia, bela com um toque sinistro e diabólico de perversidade em uma grandeza diretamente proporcional aos seus caprichos e predileções.
Falsa? Não. Simplesmente uma mulher destinada a ser exatamente como é. Feliz no exercício da sua arte de ser tornar inesquecível e ao mesmo tempo odiada.
Em um mundo de aparências ela cumpre o seu papel sem se preocupar com análises intelectuais, psicológicas ou sociológicas do que seja certo ou errado.
Aliás, ela é uma mulher virtuosa aos novos tempos.
Desgraçada somente para os que por algum motivo as perderam nos labirintos da vida e dos tantos desencontros de que falava Vinicius de Moraes.
Essas mulheres nasceram para ser amadas na plenitude. Não para serem disputadas por toscos ciumentos que não conseguem admitir que elas um dia foram de outro homem.
Nasceram para serem aproveitadas com o máximo de vigor possível.
Para que depois, ao menos possam ser lembradas com o carinho e a ternura de quem soube aproveitar  o privilégio de ter estado ao seu lado.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ALÉM DO ESPETÁCULO



Diariamente convivemos com necessidades que são impostas " goela abaixo" e sem qualquer possibilidade de resistência eficaz a ponto de mudar o rumo traçado pelos "donos do mundo" como diria o ilustre Ruimundo Faoro.
É a versão mais atual daquilo que já é amiúde tecnológico; novo programa tornado imprescindível para facilitar inúmeras atividades e uma gama enorme de mercadorias que passam a ser condição imprescindível para o sujeito ser " alguém" diante daquilo que tem um "valor social" maior na hierarquia das frivolidades.
Dentro desse contexto está a tal de COPA DO MUNDO e a promessa redentora de que patrocinará um desenvolvimento sem precedentes para a "nação brasileira", com lucros garantidos para quem comercializar bonecos, bandeiras, bolas, camisetas e toda uma parafernália de bugigangas que tal evento enseja.
Desconsiderando toda sorte de problemas sociais, desigualdades e o histórico gritante de descalabros com a Saúde Pública, os investimentos feitos pelo Poder Público não se justificam e ganham uma antipatia cada vez maior.
Evidente que os contrários e os favoráveis estão encharcados dos interesses políticos ou particulares que defendem. Não existe nada puro ou cândido no terreno das disputas humanas. Em ambos os lados sempre existem os exageros e as ressalvas e obtemperações a serem feitas.
Todavia, desconsiderando isso, existem os que querem impor a ideia de que a realização da COPA DO MUNDO é um " mal necessário" e algo que um ser humano "versátil",  " pós-moderno" e " pensante" deve não só aceitar, como se engajar de corpo e alma na defesa dessa ideia.
O fato é que a opinião divergente de quem não tem o poder é algo essencialmente inútil e resulta em um gasto de energia com algo que de qualquer forma não irá mudar. As passeatas e arruaças contra a realização da Copa do mundo só fizeram é aumentar o número de seguranças e do aparelho de segurança que será usado quando da realização dos eventos.  Os novos contratados agradecem com a nova oportunidade de renda.
E um espetáculo acaba contribuindo com o espetáculo contrário, ambos sobrevivendo de forma conjugada e necessária dentro da sistemática sempre arguta do capitalismo.
Se formas diversas da mesma alienação se combatem sob as máscaras da escolha total, é porque elas estão todas identificadas com contradições reais recalcadas, conforme as necessidades do estado particular da miséria, que desmente e mantém. 
Nos dois casos, avaliando bem, existe uma imagem de unificação feliz, cercada de desolação e de pavor, no centro tranquilo da infelicidade.
 Há boatos de que os preteridos na divisão dos fabulosos lucros da vindoura Copa do Mundo estão usando os mais radicais para protestar e com isso permitir um novo patamar de negociação a ponto de satisfazer seus interesses. E tudo acaba sendo "interésses" ( dos dois lados) como afirmava o saudoso Leonel Brizola.
E como dizia o meu amigo Guy Debord: " a crítica que vai além do espetáculo deve saber esperar".
Então, vamos esperar.